A psicóloga Cláudia é especialista em Tanatologia, que pode ser compreendida como a Ciência que aborda assuntos como morte, luto, comunicação de notícias difíceis, cuidados paliativos, valorização à vida, espiritualidade, dentre outros. A profissional, que trabalha com educação para vida e para morte, fez uma introdução ao assunto em Tanatologia. Na área da saúde, o tema tem bastante relevância, pois auxilia na quebra de um tabu essencial: falar sobre uma inevitabilidade da vida humana, a morte. Além disso, permite com que profissionais fiquem mais preparados sobre o assunto e possam integrar-se à vida de uma maneira mais completa e ajudar as pessoas de uma maneira mais eficiente, ética, humanizada e consciente. Através do debate das questões sobre morte e morrer, é possível tocar em pontos transversais entre saúde e Tanatologia, como o suicídio (que se configura como um grave problema de saúde pública por especialistas), manejo profissional em relação às questões de morte, emergências e desastres, e comunicação de notícias difíceis durante a vida pessoal e profissional.
Segundo Cláudia, a especialidade dialoga com os setores da saúde e educação em uma perspectiva ampla de aprimoramento da qualidade do serviço prestado em saúde, visto que, ao compreender melhor a morte, compreende-se melhor a vida. E, ao compreender melhor a vida é possível compreender o que faz parte dela de uma maneira mais leve e natural, amadurecendo o potencial do ser humano para viver com mais saúde e evitando sofrimentos desnecessários. Isso pode ajudar o profissional a mudar sua perspectiva e, assim, ter instrumentos para mudar sua conduta diante da temática e da vida. Segundo estudos mostrados na palestra, quando não educados para debates sobre morte e morrer, profissionais podem vivenciar sofrimento psíquico, depressão, stress, angústia, síndrome de burnout, dentre outros.
Há informação, explica a psicóloga, de que o número de suicídios, segundo dados de 2014, supera mortes por homicídio, acidentes de transportes, guerras e conflitos civis, constituindo um claro problema de Saúde Pública. Além disso, foi repassado que o Brasil encontra-se entre os dez países que registram os maiores números absolutos de suicídios, que a cada dia no país 32 pessoas se suicidam e foram trabalhados pontos essenciais sobre prevenção ao suicídio, fundamentados cientificamente.
A dentista Célia Regina Cincoç, aluna do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva e profissional do Sistema Único de Saúde (SUS), falou da relevância em trazer à tona temas como esse. “É muito importante porque a morte e as perdas são assuntos que ninguém gosta de falar. Mas, são necessários. É um olhar da Saúde Coletiva, da questão da humanização e também no trato com a morte, nas perdas e na terminalidade”, conta.
Para a enfermeira Maria Ângela, também do curso de Mestrado Profissional, é interessante aprofundar em temas como esse. “Já conhecia um pouco do assunto e a palestra veio para acrescentar. Eu trabalho com pacientes em fase terminal. Abriu novos horizontes para eu pesquisar outras áreas relacionadas a questão da vida e da morte”, revelou.
Cláudia Aline de Brito Oliveira graduou-se em Psicologia; tem capacitação, formação e especialização em Tanatologia; capacitações sobre manejo do comportamento suicida; é especialista em Saúde Coletiva e da Família e em Docência do ensino Superior; tem experiência com a Tanatologia na educação, na clínica e em atividades comunitárias; é professora convidada na especialização em Tanatologia pela Faculdade São Fidélis/ Grupo CENSUPEG (polo Teresina-Piauí); é vice-presidente da Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia do Piauí (CRP21); é membro da Comissão de Apoio à Vítima de Violência da Ordem dos Advogados (parceria OAB-PI e CRP21), e atende demandas sobre morte, morrer e valorização à vida na clínica desde 2011.