Segunda, 19 Setembro 2016 11:11

Setembro Amarelo

Escrito por
Profissionais de saúde participam de palestra que aborda questões sobre educação para vida e para morte, incluindo a temática do suicídio.
 
É importante preparar as pessoas para perdas, sejam elas simbólicas- perdas que não são perdas por morte, mas que são perdas significativas, como término de um relacionamento importante ou perda da condição de saúde de um momento anterior por um adoecimento grave – ou sejam perdas por morte de alguém com quem elas tinham um vínculo.Na manhã de quinta-feira (15), a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, por meio da disciplina de Psicologia da Saúde e da disciplina Tópicos Avançados em Psicologia da Saúde,ministradas na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), promoveram a palestra Educação para vida e para morte: uma introdução à tanatologia, a qual foi ministrada pela psicóloga Cláudia Aline de Brito Oliveira. A atividade integra a campanha “Setembro Amarelo”, que objetiva conscientizar a população e prevenir suicídios e trouxe luz a um assunto muito importante: a morte. 

A psicóloga Cláudia é especialista em Tanatologia, que pode ser compreendida como a Ciência que aborda assuntos como morte, luto, comunicação de notícias difíceis, cuidados paliativos, valorização à vida, espiritualidade, dentre outros. A profissional, que trabalha com educação para vida e para morte, fez uma introdução ao assunto em Tanatologia. Na área da saúde, o tema tem bastante relevância, pois auxilia na quebra de um tabu essencial: falar sobre uma inevitabilidade da vida humana, a morte. Além disso, permite com que profissionais fiquem mais preparados sobre o assunto e possam integrar-se à vida de uma maneira mais completa e ajudar as pessoas de uma maneira mais eficiente, ética, humanizada e consciente. Através do debate das questões sobre morte e morrer, é possível tocar em pontos transversais entre saúde e Tanatologia, como o suicídio (que se configura como um grave problema de saúde pública por especialistas), manejo profissional em relação às questões de morte, emergências e desastres, e comunicação de notícias difíceis durante a vida pessoal e profissional.

Segundo Cláudia, a especialidade dialoga com os setores da saúde e educação em uma perspectiva ampla de aprimoramento da qualidade do serviço prestado em saúde, visto que, ao compreender melhor a morte, compreende-se melhor a vida. E, ao compreender melhor a vida é possível compreender o que faz parte dela de uma maneira mais leve e natural, amadurecendo o potencial do ser humano para viver com mais saúde e evitando sofrimentos desnecessários. Isso pode ajudar o profissional a mudar sua perspectiva e, assim, ter instrumentos para mudar sua conduta diante da temática e da vida. Segundo estudos mostrados na palestra, quando não educados para debates sobre morte e morrer, profissionais podem vivenciar sofrimento psíquico, depressão, stress, angústia, síndrome de burnout, dentre outros.

Há informação, explica a psicóloga, de que o número de suicídios, segundo dados de 2014, supera mortes por homicídio, acidentes de transportes, guerras e conflitos civis, constituindo um claro problema de Saúde Pública. Além disso, foi repassado que o Brasil encontra-se entre os dez países que registram os maiores números absolutos de suicídios, que a cada dia no país 32 pessoas se suicidam e foram trabalhados pontos essenciais sobre prevenção ao suicídio, fundamentados cientificamente.

A dentista Célia Regina Cincoç, aluna do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva e profissional do Sistema Único de Saúde (SUS), falou da relevância em trazer à tona temas como esse. “É muito importante porque a morte e as perdas são assuntos que ninguém gosta de falar. Mas, são necessários. É um olhar da Saúde Coletiva, da questão da humanização e também no trato com a morte, nas perdas e na terminalidade”, conta.

Para a enfermeira Maria Ângela, também do curso de Mestrado Profissional, é interessante aprofundar em temas como esse. “Já conhecia um pouco do assunto e a palestra veio para acrescentar. Eu trabalho com pacientes em fase terminal. Abriu novos horizontes para eu pesquisar outras áreas relacionadas a questão da vida e da morte”, revelou.

Cláudia Aline de Brito Oliveira graduou-se em Psicologia; tem capacitação, formação e especialização em Tanatologia; capacitações sobre manejo do comportamento suicida; é especialista em Saúde Coletiva e da Família e em Docência do ensino Superior; tem experiência com a Tanatologia na educação, na clínica e em atividades comunitárias; é professora convidada na especialização em Tanatologia pela Faculdade São Fidélis/ Grupo CENSUPEG (polo Teresina-Piauí); é vice-presidente da Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia do Piauí (CRP21);  é membro da Comissão de Apoio à Vítima de Violência da Ordem dos Advogados (parceria OAB-PI e CRP21), e atende demandas sobre morte, morrer e valorização à vida na clínica desde 2011.