Terça, 18 Setembro 2018 15:25

FOP-UNICAMP EM ARTIGO PUBLICADO NA NATURE

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Pesquisa coordenada pelo CNPEM, com participação da FOP-UNICAMP, indica marcadores de prognóstico que servem de parâmetro para avaliar a gravidade do câncer oral. A descoberta abre caminho para ajudar nas tomadas de decisão clínicas sobre tratamentos mais apropriados.

O carcinoma espinocelular, tipo mais comum de câncer bucal, é o tumor maligno mais frequente da região da cabeça e pescoço. A cada ano são diagnosticados cerca de 300 mil novos casos em todo o mundo, com taxa de mortalidade de 145 mil pacientes no mesmo período.  O tratamento dessa neoplasia é desafiador porque as respostas aos tratamentos convencionais apresentam uma variação muito grande de resultados. Para se ter uma ideia, as taxas de recorrência dos tumores podem variar entre 18 e 76%.  

Estudos coordenados pelo Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM) em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba e o Serviço de Odontologia Oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) –entre outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior– com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp), contribuíram para identificar, quantificar e compreender a relação entre proteínas, progressão destes tumores e tratamento.   

O mais recente resultado obtido por essa colaboração acadêmica, tema de artigo publicado no prestigioso periódico Nature Communications, foi a identificação de marcadores de prognóstico robustos a partir do mapeamento de proteínas observadas em 120 amostras de tecidos tumorais da língua de 20 pacientes que foram acompanhados por 5 anos. Os dados foram confirmados em aproximadamente 800 casos de tecidos e em 120 amostras de saliva de 40 pacientes oncológicos. A publicação destaca como a combinação de fases de descoberta e verificação em diferentes tipos de amostras resultou em maior confiabilidade na validação dos alvos, em outras palavras, a correlação entre os níveis da proteína e a gravidade da doença.

Link para acessar o artigo completo: https://www.nature.com/articles/s41467-018-05696-2

De acordo com a coordenadora do estudo, Dra. Adriana Paes Leme, que trabalha no Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e atua como Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia da FOP-UNICAMP, entre os objetivos dos estudos futuros se pretende compreender os mecanismos de ação das proteínas distribuídas pelas diferentes áreas do tumor. “O que buscamos saber também é se a presença dessas proteínas é a causa ou o resultado de processos”.

A identificação de marcadores ou assinaturas moleculares é fundamental para que oncologistas consigam superar as limitações dos exames clínicos e tenham parâmetros seguros para estabelecer estratégias de tratamento mais personalizadas e eficientes. A equipe de pesquisadores, que já havia publicado uma série de resultados anteriores em periódicos científicos internacionais com seleta política editorial, continua colaborando nesse campo do conhecimento e pretende, nos próximos anos, desenvolver e validar um biosensor com potencial para identificar as assinaturas moleculares descritas pelos pesquisadores em questão, contribuindo para o diagnóstico precoce e a melhor previsibilidade do prognóstico do câncer de boca.

Dentre os diversos pesquisadores de centros do país e do exterior que participaram do estudo em questão e que atuaram como co-autores da publicação em questão estão egressos do Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia (Carolina Carneiro Soares Macedo, César Rivera, Iris Sawasaki-Calone, Ana Carolina Prado Ribeiro, Thaís Bianca Brandão, Wilfredo Alejandro González-Arriagada, Priscila Campioni Rodrigues, Sabrina Daniela da Silva) e os Professores do Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia Adriana Franco Paes Leme, Alan Roger dos Santos Silva, Edgard Graner, Ricardo Della Coletta, Tuula Salo e Márcio Ajudarte Lopes.