3. Meios e riscos de contaminação
A prática odontológica oferece condições para o risco de infecção cruzada, que são:
- Estreito contato profissional-paciente;
- Realização do trabalho diretamente na cavidade bucal, favorecendo o potencial de estímulo a sangramento;
- Produção constante de aerossóis pelo uso de instrumentos rotatórios cortantes, dispersando um vasto número de microrganismos no ambiente e, portanto, colocando toda a área de operação e a equipe como potencialmente contaminadas;
Podemos classificar as vias de transmissão de microrganismos no atendimento a pacientes na Clínica Odontológica em três:
- Contato direto com lesões infectadas, sangue ou saliva;
- Transmissão indireta através de instrumentos e equipamentos contaminados;
- Inalação ou absorção dos microrganismos veiculados através do ar, em de corrência da produção de aerossóis contaminados de sangue e saliva infectados pela tosse, espirro e fala ou perdigotos de secreções nasofaringea - nas (ALVAREZ LEITE1 1996; CHINELATO e SCHEIDT12 1993).
3.1. O risco dos aerossóis
O potencial de risco dos aerossóis produzidos em Consultórios/Clínicas Odontológicas já foi grandemente demonstrado.
Aerossóis: suspensão de micropartículas sólidas ou líquidas presentes no ar atmosférico sob a forma de uma fina névoa, passíveis de permanecer flutuando por longo período de tempo, com dimensões de 0,1 a 50 micrômetros.
Penetram no organismo através das vias aérea e ocular.
Podem ser produzidos principalmente pelos motores de alta e baixa rotação, raspadores ultrassônicos e pelas seringas tríplices.
O M. tuberculosis já foi encontrado nos aerossóis odontológicos.
Micik e cols. conceituam o aerossol odontológico como sendo partículas menores que 50 micrômetros e partículas acima disto são denominadas de espirros. As partículas menores que 50 micrômetros são as que representam maior risco, pois estas é que são capazes penetrar na árvore respiratória.
O aerossol em si não deve ser confundido com a névoa (spray), o gotejamento e o espirro. É constituido por partículas invisíveis, que são oriundas das névoas produzidas.
A detecção do HIV nos aerossóis é muito pouco provável, já que sua concentração no sangue é geralmente bem menor que a do HBV.
Os microrganismos podem ser introduzidos na peça de mão no tratamento de um paciente e infectar o próximo. Toda vez que retiramos o pé do pedal de um aparelho de alta rotação há uma aspiração por alguns instantes mesmo que o instrumento rotatório seja equipado com válvula anti-retração.
O CDCP (Centers for Disease Control and Prevention) e a ADA (American Dental Association) sugerem que as linhas de água devem ser acionadas no início dos trabalhos para diminuir a contaminação que se acumulou durante a noite e entre os pacientes para reduzir a contagem de microrganismos aspirados do paciente anterior.
Diminuindo a produção de aerossóis
Estratégias para diminuir o risco do aerossol em Consultórios/Clínicas Odontológicas:
- coloque o paciente na posição mais adequada.
- nunca use a seringa tríplice na sua forma em névoa (spray) acionando os dois botões simultaneamente.
- regule a saída de água de refrigeração. O dente precisa de refrigeração mas não há necessidade de exageros.
- paramentação
- use sempre que possível dique de borracha.
- use sempre sugadores de alta potência.
-
O uso de colutórios anti microbianos antes do tratamento reduz a quantidade de microrganismos na cavidade bucal.
Ex. Clorexidina
Apesar do alto risco existente na prática odontológica em adquirir e/ou transmitir doenças infecciosas, existem meios capazes de controlar a trans-missão de microrganismos patogênicos, através da adoção de medidas de controle de infecção, tais como o uso de equipamentos de proteção individual e procedimentos de desinfecção e esterilização de equipamentos e instru-mentais utilizados (ROSSETINI32 1984; SAMARANAYAKE et al.33 1995; COTTONE et al.13 1996; CDC10 1998).