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Quinta, 21 Maio 2015 15:10

Controle da Infecção

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4. Controle da Infecção Cruzada na Prática Odontológica

Não existem dúvidas que a infecção cruzada acontece a partir dos procedimentos odontógicos. A exata magnitude da Infecção Cruzada na Odontologia é improvável de se conhecer precisamente.


4.1. Mecanismo de Infecção Cruzada

Para compreender o mecanismo da Infecção Cruzada vamos sugerir uma situação hipotética:

“O paciente sentou-se na cadeira odontológica, o instrumental esteriliza-do foi disposto adequadamente e o aluno/profissional lavou criteriosa-mente as mãos. Porém, num dado momento o refletor precisa ser melhor posicionado, a cadeira abaixada, novo instrumento precisa ser reti-rado da gaveta, as seringas de ar e água são manipuladas, as peças de alta e baixa rotação são tocadas.” 

Tudo o que for tocado pelo aluno ou pelo profissional torna-se teórica-mente contaminado. Além disso, todas as superfícies da sala ficam contaminadas por aerossóis produzidos pela peça de mão, seringas de ar e água.

Existem três nichos ou reservatórios que favorecem a Infecção Cruzada na Clínica ou no Consultório:

  1. Instrumental
  2. Mãos
  3. Superfícies contaminadas

Todos os pacientes devem ser considerados potencialmente infectantes pelo fato de não poderem ser identificados, mesmo com um bom levantamento da história médica e a realização de criterioso exame físico e de testes laboratoriais.

Todo paciente deve ser atendido como se fosse portador de uma doença contagiosa.

Levando-se em consideração isso tudo, o CDC-EUA (Center for Disease Control and Prevention) recomenda que se tomem precauções contra a contaminação por sangue ou outros fluidos corporais de forma consisten-te no atendimento de TODOS OS PACIENTES Isso ficou conhecido como “precauções universais.”

Realizar CI (Controle de Infecção) é uma necessidade moral e legal, que torna a razão do trabalho verdadeira e valoriza o profissional da Saúde e a profissão, perante o paciente e a sociedade. Embora a reali-zação do CI tenha um certo custo, vidas não tem preço.


4.2 Estruturação do conhecimento para a realização do CI

Todos devem estar conscientes das variáveis que levam à contaminação e à infecção:

  • 4.2.1 A presença de fontes de microrganismos
  • 4.2.2 As formas de contaminação
  • 4.2.3 Patogenicidade 

4.2.1 A PRESENÇA DE FONTES DE MICROGANISMOS

A maior concentração de microrganismos na Clínica/Consultório Odontológico encontra-se na boca do paciente. Quanto maior a manipulação de sangue, visível ou não, maior é a sua chance de contrair doença infecciosa. Ao utilizarmos instrumentos rotatórios, jatos de ar, ar/água, ar/água/bicarbonato e ultra-som, a contaminação gerada em até 1,5 m de distância é muito grande.

    Peças de mão e borrachas contaminadas, a água que supre o abastecimento de Saúde, o sabonete em barra, a toalha de pano, a torneira não automática, as soluções de limpeza, podem ser fortes veículos de microrganismos.

Nossas mãos, uma vez contaminadas de saliva e/ou sangue, são os maiores veículos de contaminação de superfícies.


4.2.2 FORMAS DE CONTAMINAÇÃO

  1. Direta: ocorre pelo contato direto entre o portador e o hos-pedeiro. Ex. Hepatites virais, HIV.
  2. Indireta: ocorre quando o hospedeiro entra em contato com uma superfície ou substância contaminada. Ex. Hepatite B, Herpes simples.
  3. À distância: através do ar, o hospedeiro entra em contato com o microrganismo. Ex.Tuberculose, Sarampo e Varicela.

4.2.3 PATOGENICIDADE

Expressa a possibilidade de uma contaminação gerar uma infecção.

Uma vez ocorrida a contaminação, a possibilidade de ocorrer a infecção é diretamente proporcional ao número de microrganismos contaminantes vezes a virulência deles e é inversamente propor-cional à resistência do hospedeiro. A virulência é definida como o conjunto de recursos que os microrganismos possuem para causar dano ao hospedeiro, instalando-se, sobrevivendo e, finalmente mul-tiplicando-se. Resumindo, para que ocorra uma infecção é necessário que haja uma fonte de microrganismos, um contágio através de uma das três formas, por um microrganismo de determinada virulência, em um hospedeiro com maior ou menor resistência.