Trabalho de graduando da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, Bruno César da Costa, recebeu o prêmio de Mérito Científico no XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP, realizado entre os dias 25 e 27 de outubro, no Centro de Convenções e Ginásio Multidisciplinar da UNICAMP. A pesquisa “A expressão da fosfoproteína induzida por estresse 1 (STIP1) controla a proliferação, migração e invasão no carcinoma de células escamosas oral" foi orientada pelo professor Ricardo Della Coletta, da área de Patologia da FOP.
Os Congressos de Iniciação Científica da Unicamp acontecem anualmente e têm como objetivo divulgar os resultados dos projetos de Iniciação Científica e Tecnológica realizados por alunos de graduação da Unicamp, bem como de outras instituições. Visam também contribuir para o desenvolvimento de competências necessárias à pesquisa acadêmica, promovendo a oportunidade de interação entre pesquisadores de todos os níveis e áreas.
“O prêmio representa um grande incentivo para que eu continue me dedicando à pesquisa e tente seguir a carreira acadêmica. Neste cenário de desesperança que a Ciência brasileira vem enfrentando, eventos e prêmios como esses, além de serem importantes para a popularização do conhecimento científico e da tecnologia, valorizam os trabalhos acadêmicos e os esforços dos pesquisadores”, conta Bruno Costa.
Ele agradece ao orientador, professor Coletta, pela generosidade e dedicação, ao Dr. Fábio H. Téo pela colaboração, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo fomento e à UNICAMP por ser uma instituição que valoriza e apoia a Ciência.
O carcinoma de células escamosas oral ou CCEO é o tumor maligno mais frequente da boca e, portanto, muitas vezes é usado como sinônimo de câncer oral. O câncer de boca tem altas taxas de incidência e mortalidade e gera consequências devastadoras aos pacientes. Nesse contexto, a busca por biomarcadores tem sido uma grande aposta em direção a uma medicina mais personalizada. A identificação de biomarcadores consistentes capazes de prever o comportamento do câncer ajudaria na seleção de planos de tratamento mais adequados de acordo com cada paciente.
Em estudos anteriores, o grupo de pesquisadores, do qual, agora, Bruno faz parte, identificou inúmeras proteínas associadas a células invasivas do CCEO, entre elas, a fosfoproteína induzida por estresse 1 (STIP1), que demonstrou estar relacionada ao prognóstico dos pacientes. Embora a expressão desregulada de STIP1 tenha sido associada a fenótipos de malignização, à resistência terapêutica e ao prognóstico desfavorável para diversos tipos de tumores, o seu papel no câncer oral ainda não foi devidamente explorado. Com o intuito de ampliar o conhecimento sobre a função de STIP1 no câncer oral, o objetivo deste estudo foi avaliar o impacto dessa proteína na viabilidade, apoptose, proliferação, migração e invasão das células do CCEO. Para tanto, duas linhagens celulares de CCEO (HSC3 e SCC9), selecionadas por apresentarem altos níveis de expressão de STIP1, foram submetidas a uma estratégia de silenciamento gênico e ensaios funcionais foram empregados para investigar o efeito dessa proteína na tumorigênese oral. Nossos resultados demonstram que a superexpressão de STIP1 resulta em aumento das taxas de proliferação, migração e invasão das células tumorais das linhagens HSC3 e SCC9 de CCEO. Tendo em vista que, até hoje, nenhum dos biomarcadores de CCEO sugeridos na literatura atende aos critérios para sua aplicação clínica, espera-se que este estudo possa contribuir para reforçar a importância de STIP1 no controle de eventos associados à progressão do CCEO, consolidando o seu potencial como um marcador para aferir o prognóstico e/ou alvo terapêutico para o câncer oral.