Quinta, 21 Maio 2015 15:03

Meios e Riscos

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3. Meios e riscos de contaminação

A prática odontológica oferece condições para o risco de infecção cruzada, que são:

  • Estreito contato profissional-paciente;
  • Realização do trabalho diretamente na cavidade bucal, favorecendo o potencial de estímulo a sangramento;
  • Produção constante de aerossóis pelo uso de instrumentos rotatórios cortantes, dispersando um vasto número de microrganismos no ambiente e, portanto, colocando toda a área de operação e a equipe como potencialmente contaminadas;

Podemos classificar as vias de transmissão de microrganismos no atendimento a pacientes na Clínica Odontológica em três:

  • Contato direto com lesões infectadas, sangue ou saliva;
  • Transmissão indireta através de instrumentos e equipamentos contaminados;
  • Inalação ou absorção dos microrganismos veiculados através do ar, em de corrência da produção de aerossóis contaminados de sangue e saliva infectados pela tosse, espirro e fala ou perdigotos de secreções nasofaringea - nas (ALVAREZ LEITE1 1996; CHINELATO e SCHEIDT12 1993).

3.1. O risco dos aerossóis

O potencial de risco dos aerossóis produzidos em Consultórios/Clínicas Odontológicas já foi grandemente demonstrado.

Aerossóis: suspensão de micropartículas sólidas ou líquidas presentes no ar atmosférico sob a forma de uma fina névoa, passíveis de permanecer flutuando por longo período de tempo, com dimensões de 0,1 a 50 micrômetros.

Penetram no organismo através das vias aérea e ocular.

Podem ser produzidos principalmente pelos motores de alta e baixa rotação, raspadores ultrassônicos e pelas seringas tríplices.

O M. tuberculosis já foi encontrado nos aerossóis odontológicos.

Micik e cols. conceituam o aerossol odontológico como sendo partículas menores que 50 micrômetros e partículas acima disto são denominadas de espirros. As partículas menores que 50 micrômetros são as que representam maior risco, pois estas é que são capazes penetrar na árvore respiratória.

O aerossol em si não deve ser confundido com a névoa (spray), o gotejamento e o espirro. É constituido por partículas invisíveis, que são oriundas das névoas produzidas.

A detecção do HIV nos aerossóis é muito pouco provável, já que sua concentração no sangue é geralmente bem menor que a do HBV.

Os microrganismos podem ser introduzidos na peça de mão no tratamento de um paciente e infectar o próximo. Toda vez que retiramos o pé do pedal de um aparelho de alta rotação há uma aspiração por alguns instantes mesmo que o instrumento rotatório seja equipado com válvula anti-retração.

O CDCP (Centers for Disease Control and Prevention) e a ADA (American Dental Association) sugerem que as linhas de água devem ser acionadas no início dos trabalhos para diminuir a contaminação que se acumulou durante a noite e entre os pacientes para reduzir a contagem de microrganismos aspirados do paciente anterior.


Diminuindo a produção de aerossóis

Estratégias para diminuir o risco do aerossol em Consultórios/Clínicas Odontológicas:

  • coloque o paciente na posição mais adequada.
  • nunca use a seringa tríplice na sua forma em névoa (spray) acionando os dois botões simultaneamente.
  • regule a saída de água de refrigeração. O dente precisa de refrigeração mas não há necessidade de exageros.
  • paramentação
  • use sempre que possível dique de borracha.
  • use sempre sugadores de alta potência.
  • O uso de colutórios anti microbianos antes do tratamento reduz a quantidade de microrganismos na cavidade bucal.
    Ex. Clorexidina

Apesar do alto risco existente na prática odontológica em adquirir e/ou transmitir doenças infecciosas, existem meios capazes de controlar a trans-missão de microrganismos patogênicos, através da adoção de medidas de controle de infecção, tais como o uso de equipamentos de proteção individual e procedimentos de desinfecção e esterilização de equipamentos e instru-mentais utilizados (ROSSETINI32 1984; SAMARANAYAKE et al.33 1995; COTTONE et al.13 1996; CDC10 1998).