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Quinta, 21 Maio 2015 15:42

Programa de CI

5. Implantando o Programa de Controle de Infecção (CI)

5.1 Medidas de Precaução-Padrão

É um conjunto de medidas de controle de infecção adotadas universalmente como forma eficaz de redução de risco e de transmissão de agentes infecciosos nos serviços de saúde. Essas precauções foram criadas para reduzir o risco de transmissão de patógenos através de sangue e fluidos corporais.

O controle de infecção na prática odontológica obedece a 4 princípios básicos:

  • Princípio 1 - Os profissionais e os alunos devem tomar medidas para proteger a saúde;
  • Princípio 2 - Os profissionais e os alunos devem evitar contato direto com matéria orgânica;
  • Princípio 3 - Os profissionais e os alunos devem limitar a propagação de microrganismos;
  • Princípio 4 - Os profissionais e os alunos devem tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfícies.

5.2. Proteção Pessoal

5.2.1 Avaliação do paciente – história médica - anamnese

A anamnese deve ser obtida, revista e atualizada nas sessões sub-sequentes e poderá fornecer dados para que a frente de acidentes, possa decidir pela conduta terapêutica a ser tomada, pois pode identificar um paci-ente como sendo portador de agentes patogênicos, por ter sofrido ou sofrer condições de risco como por exemplo: transfusões sanguíneas, ser usuário de drogas e outros (OTTONI30 1991; GUANDALINI et al. 21 1998).


5.2.2 Imunização

A Secretaria da Saúde recomenda que todos os componentes da equipe odontológica, que não tenham contraído ou que não tenham sido imunizados contra as seguintes doenças: tétano, difteria, rubéola, sarampo, hepatite B, tuberculose, sejam vacinados, antes de iniciar a prática odontológica (SÃO PAULO37 1998).

Vacinação contra tétano e difteria

Está indicada para os profissionais e alunos que não foram vacinados anteriormente e para aqueles nos quais a última dose tenha sido aplicada há mais de 10 anos. A vacina dupla adulto (difteria e tétano) deve ser feita com um in-tervalo de um a dois meses entre a primeira e a segunda dose e de seis meses a um ano entre a segunda e terceira dose (BALDY4 1997).

Vacinação contra a rubéola

Está indicada para as profissionais e alunas (sexo feminino) que não tiveram a doença e/ou apresentam teste sorológico negativo. Hoje se recomenda uma segunda dose da vacina contra a rubéola às pessoas que receberam a primeira dose na infância GBALDY4 1997).

Vacinação contra a hepatite B

São recomendadas as três doses da vacina contra a hepatite B, cujos intervalos após a primeira dose deverão ser de um a seis meses. Pessoas que tenham interrompido o esquema vacinal após a primeira dose deverão realizar a segunda dose logo que possível e a terceira dose deverá ser indicada com um intervalo de pelo menos dois meses da dose anterior. Caso haja interrup-ção após a segunda dose, a terceira deverá ser administrada imediatamente (BRASIL7 1999; CDC10 1998).


5.2.3. Higienização das mãos

A lavagem das mãos com freqüência é um importante meio de proteção pessoal e de prevenção de doenças, embora se estime que apenas 40% dos profissionais o façam rotineiramente (CEDROS11 1993).

A lavagem básica das mãos é uma norma preconizada no pré e no pós-atendimento de cada paciente, antes da colocação de luvas e depois de sua remoção e sempre que se verificar ruptura na integridade das luvas de látex, de modo que todas as áreas das mãos sejam consistentemente limpas (SAMARANAYAKE et al.33 1995; COTTONE13 1996; TEIXEIRA e SANTOS41 1999).

A pele é densamente povoada por microrganismos. A flora habi-tante é classificada em: 

Transitória: presente na superfície da pele, facilmente removível com adequada lavagem das mãos. Trata-se de uma flora patogênica composta principalmente por bactérias Gram negativas e estafilococos.

Residente: presente nas camadas mais internas da pele e derme, exigindo uso de escovação associada a substâncias químicas para remoção. É composta por bactérias Gram positivas e é considerada patogênica em procedimentos cirúrgicos e nos pacientes imunodeficientes.

LAVAGEM PRÉVIA A PROCEDIMENTOS DE ROTINA (NÃO-CIRÚRGICOS) DEVE SER FEITA DA SEGUINTE FORMA:

  1. Retire anéis, relógios e pulseiras;
  2. Ensaboe as mãos e a metade dos antebraços por, no mínimo 10 segundos. O sabão deve ser líquido, hipoalergênico, Clorex 4%, PVPI degermante;
  3. Enxágüe em abundante água corrente;
  4. Seque, preferencialmente com toalhas de papel;
  5. Feche a torneira com acionador de pedal ou, se não disponível, com toalha de papel ou ajuda de um auxiliar. Nunca toque a tor-neira depois de haver lavado as mãos.

LAVAGEM DE MÃOS PREVIAMENTE À REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS:

  1. Retirar anéis, relógio e pulseiras;
  2. Use sabão antisséptico e escova;
  3. Escove, nessa ordem: unhas, dedos, palma e dorso das mãos e antebraços, até o cotovelo;
  4. Enxágüe em abundante água corrente;
  5. Seque com compressas estéreis;
  6. Calce as luvas assepticamente.

5.2.4 Evitar acidentes

As agulhas devem ser descartáveis, não devem ser entortadas ou reencampadas após o uso, evitando a punção acidental. As brocas devem ser retiradas das pontas, logo após o uso. Não reencapar instru-mentos pérfurocortantes com as mãos desprotegidas, usar sempre um instrumento auxiliar e uma superfície fixa como apoio.


5.2.5 Uso de equipamentos de proteção individual

Uso de barreiras protetoras:

  • luvas;
  • máscaras;
  • gorro;
  • óculos de proteção;
  • avental

Uso de equipamento de proteção individual é extremamente eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas, sendo obrigatório durante o atendimento odontológico:

LUVAS

As luvas devem ser usadas para prevenir contato da pele das mãos e ante-braços com sangue, secreções ou mucosas, durante a prestação de cuidados e para manipular instrumentos e superfícies. Deve ser usado um par de luvas exclusivo para cada paciente, descartando-as após o atendimento. O mercado dispõe de diversos tipos de luvas, segundo as finalidades de uso:

  • Luvas descartáveis de vinil: não oferecem boa adaptação e servem para a realização de procedimentos como exame clínico, remoção de sutura e como sobreluva.
  • Luvas descartáveis de látex: oferecem boa adaptação, e são usadas em procedimentos clínicos de dentística, prótese, periodontia, etc.Para procedimentos em prótese o acabamento de pequenas peças em resina e metais exige luvas bem adaptadas nas mãos, sob pena das brocas, drilas ou pedras para acabamento e/ou polimento, se enroscarem nas luvas e lançarem as peças no piso da Clínica. Devido a isso, todo cuidado deve ser tomado na seleção do tamanho de luva adequado. Se durante o desgaste dessas peças a luva for perfurada, a mesma deve ser substituida imediatamente.
  • Luvas cirúrgicas estéreis descartáveis: confeccionadas com látex de melhor qualidade, oferecem melhor adaptabilidade e seu uso é indicado em procedimentos cirúrgicos.
  • Luvas para limpeza geral: são de borracha grossa, utilizadas para serviços de limpeza e descontaminação de instrumentos, equipamentos e superfícies e reutilizáveis, se não estiverem furadas ou rasgadas. Devem ser descontaminadas após o uso e guardadas em saco plástico, separadamente.
  • Um fato importante relacionado ao uso de luvas, diz respeito ao tempo de utilização das mesmas, não sendo recomendado o uso de um mesmo par por mais de 1 hora, pois além de aumentar as chances de perfurações, perdem a capacidade de manter a impermeabilidade e provoca irritação na pele pela sudorese e pela multiplicação bacteriana sob as luvas (COTTONE et al.13 1996; GUIMARÃES Jr22 2000).

IMPORTANTE

  • Enquanto estiver de luvas não manipular objetos fora do campo de trabalho – canetas, fichas de pacientes, maçanetas, telefone;
  • Retirar as luvas imediatamente após o término do tratamento do paciente;
  • Lavar as mãos assim que retirar as luvas;
  • As luvas não protegem de perfurações de agulhas, porém está comprovado que as luvas podem diminuir a penetração de sangue em até 50% de seu volume;
  • Uso de 2 pares de luvas é formalmente indicado em procedimentos cirúrgicos de longa duração ou com sangramento profuso, conferindo proteção adicional contra a contaminação.

MÁSCARA

A máscara constitui-se na maior medida de proteção das vias aéreas supe-riores contra microrganismos presentes nas partículas de aerossóis produzidas durante os procedimentos clínicos ou durante um acesso de tosse, espirro ou fala (GUANDALINI et al.21 1998).

O uso adequado da máscara facial deve atender os seguintes princípios:

  • prover conforto e boa adaptação;
  • não tocar lábios e narinas;
  • não irritar a pele;
  • permitir respiração normal;
  • não embaçar o protetor ocular;
  • não permanecer pendurada no pescoço;
  • descartá-la após o uso.

A efetividade da máscara depende da adaptação à face e da habilidade de filtrar micropartículas contaminadas, sendo considerada eficiente quando apresenta um mínimo de filtração de 95% a 98% das partículas de aproximadamente 3,0 a 5,0 micras de diâmetro (SAMARANAYAKE et al.33 1995; COTTONE et al.13 1996; MILLER e PALENIK29 1998).

O uso da máscara é recomendado em todos os procedimentos (SÃO PAULO34 1995a; SÃO PAULO38 1999), sendo indicada sua troca quando essa se apresentar úmida e após o atendimento do paciente (COTTONE et al.13 1996; GUANDALINI et al.21 1998).

As máscaras são confeccionadas com diferentes tipos de materiais e cada material apresenta uma capacidade de filtração diferente, sendo que as máscaras confeccionadas com fibra de vidro ou fibra sintética foram consi-deradas mais eficientes na filtragem de bactérias do que as de tecido ou papel (ALVAREZ LEITE1 1996; GUANDALINI et al.21 1998), especialmente quando se trabalha em ambientes com potenciais pacientes de Tuberculose.

ÓCULOS DE PROTEÇÃO

Os protetores oculares ou óculos de proteção devem ser usados para todos os procedimentos que envolvam produção de aerossóis, pois impedem a penetração de resíduos e a contaminação dos olhos (SAMARANAYAKE et al.33 1995; LORENZI27 1997; SÃO PAULO37 1998; SÃO PAULO38 1999). O protetor ocular deve ser também fornecido aos pacientes sempre que os procedimentos a serem realizados possam trazer risco a integridade ocular do paciente (COTTONE et al.13 1996; LORENZI27 1997; GUANDALINI et al.21 1998).

Após o atendimento clínico do paciente, o protetor ocular deverá ser lavado com sabão germicida ou soluções antissépticas, posteriormente sofrer um enxágüe com água corrente e seco com toalhas descartáveis e se possível esterilizado (COTTONE et al.13 1996; CDC10 1998).

Os protetores oculares com abas laterais e com vedação periférica são mais efetivos que os óculos, pois esses, não oferecem proteção completa nos procedimentos odontológicos sujeitos a ferimentos e produção de aerossol. As infecções herpéticas oculares são o maior risco quando do não uso desse equipamento (MILLER e PALENIK29 1998).

AVENTAL

O avental deve ser usado sempre. A roupa branca não o substitui.

O avental deve ter colarinho alto e mangas longas e comprimento de ¾ e deverão ser confeccionados com material a prova de líquido (ALVAREZ LEITE1 1996; GUANDALINI et al.21 1998). Na prática da nossa Clínica Odontológica, só devem ser retirados após a lavagem do instrumental, permitindo assim, a proteção da pele.

GORRO

Protege contra gotículas de saliva, aerossóis e sangue contaminados.

O uso de gorros é recomendado para prevenir infecção cruzada oriunda dos cabelos expostos ao aerossol contaminado decorrente do acionamento de instrumentos rotatórios e de procedimentos cirúrgicos (SÃO PAULO34 1995a SÃO PAULO38 1999).

O gorro deve ser de material descartável e com troca realizada a cada paciente.


5.3. Preparação do ambiente

5.3.1 Descontaminação de superfícies

5.3.2 Cobertura de superfícies passíveis de contaminação

Considerando-se que um grande número de superfícies operatórias podem ser respingados por sangue, saliva e outras secreções, torna-se claro que o uso de desinfetantes constitui uma das principais etapas de assepsia efetiva. A limpeza e desinfecção das superfícies opera-tórias fixas e partes expostas do equipo reduz significativamente a con-taminação cruzada ambiental.

O hipoclorito de sódio a 1%, iodóforos e fenóis sintéticos são os melhores produtos a serem utilizados na etapa de desinfecção. A solução de hipoclorito de sódio à 1% não deve ser aplicada sobre superfícies metálicas e mármores: ela apresenta ação corrosiva sobre metais e ação descolorante sobre o mármore. Ademais, devido ao seu baixo custo, é recomendável usar o hipoclorito de sódio em todas as superfícies não-metálicas. Já o fenol sintético causa despigmentação irreversível da pele, e portanto, deve ser utilizado com cuidado. O que aplicar então? - Utilizar Álcool 70% em três aplicações em um único sentido após cada atendimento.

É importante lembrar que desinfetantes de imersão, como o glutaraldeído, não devem ser utilizados como desinfetantes de superfícies, devido as suas características de toxicidade, e o seu alto custo para esta aplicação.

Todas as superfícies que são passíveis de contaminação e, ao mesmo tempo, de difícil descontaminação, devem ser cobertas.

Exemplos:

  • Alças e interruptor de refletor;
  • Tubo, alça e disparador do Raio-X;
  • Filme radiográfico;
  • Pontas de alta e baixa rotação;
  • Seringa tríplice;
  • Haste da mesa auxiliar;
  • Ponta do fotoativador;
  • Ponta da mangueira do sugador;
  • Ponta do aparelho ultrassônico.

A cobertura deve ser de material impermeável e descartada após o atendimento de cada paciente, podendo ser usada folhas de alumínio (estéreis em procedimentos cirúrgicos), capas plásticas e filmes plásticos de PVC.

O uso adequado das coberturas depende dos seguintes passos:

  • Colocação de cobertura limpa, preferencialmente com luvas;
  • Após o uso, remoção da cobertura utilizada, com luvas grossas de borracha;
  • Repetição desse processo após cada atendimento.

As pontas (alta e baixa rotação e seringa tríplice) devem ser limpas com água e sabão, antes da esterilização.

Seqüência:

  1. Permitir escoar toda a água de refluxo que fica aprisionado no sistema das pontas. Manter a ponta funcionando com água abundante em direção a unidade auxiliar por 30 segundos.
  2. Lavar com água e sabão, secar e desinfetar.
  3. Lubrificar
  4. Fazer funcionar para que o lubrificante penetre em todo o sistema.
  5. Esterilizar (sempre que possível para procedimento cirúrgico). Caso não seja possível, esterilizar e encapar com PVC.

A esterilização ou desinfecção deve ser realizada após o atendimento de cada paciente.

Recomenda-se que o mesmo seja feito com o espaldar da cadeira, mesa auxiliar e todas as superfícies com as quais o profissional mantenha contato. Nessas superfícies o filme de PVC também deverá ser trocado a cada paciente.

Para desinfecção de bancadas, móveis e equipamentos com superfícies não metálicas, é adequada a fricção com álcool etílico a 70%, com tempo de exposição de 10 minutos (3 aplicações) conforme descrito na norma “Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde,” MS/94. 

Quanto à limpeza de paredes e pisos, recomenda-se o uso de água e sabão.

Os antissépticos bucais são utilizados através de bochechos e/ou aplicação tópica, e não devem ser irritantes, tóxicos, alergizantes, produzir lê-sões celulares, interferir na defesa do organismo ou prejudicar repara-ção ou cicatrização, além de ter rápido início de ação e boa penetração nos tecidos.

O número de microrganismos viáveis na cavidade bucal após a antissep-sia é diminuído em 99% na região cervical dos dentes e, em 96% nos ae-rossóis e gotículas decorrentes da utilização de pontas. Portanto, devem ser utilizados como rotina e para todos os pacientes, não só para os que serão submetidos a cirurgia.

OBS.- GERENCIAMENTO DE SUPERFICIE

As partículas produzidas pelo uso de equipamentos rotatórios permanecem viáveis no ambiente. Além disso, há relatos a respeito da sobrevivência de microrganismos sobre superfícies, mostrando que uma grande variedade deles consegue sobreviver durante um tempo prolon-gado em diversos materiais de uso rotineiro em Odontologia, tais como fichas clínicas, peças de mão, papel e descartáveis como gazes e luvas, e ainda sobre a pele.

Antes de cada atendimento deve-se desinfetar as peças de mão, as seringas de ar/água, o refletor e os comandos, as bandejas de instrumentos e superfícies, os suportes das peças de mão e seringas, os braços e alavancas da cadeira, o suporte da cabeça, as torneiras do laboratório, as superfícies dos armários e puxadores das gavetas, as cus-pideiras, etc.

Papel impermeável, folha de alumínio ou plástico devem ser usados para proteger superfícies que são difíceis de limpar ou desinfetar e, que podem ser contaminados com sangue ou saliva durante o uso.

No intervalo entre o atendimento de dois pacientes, essas coberturas de proteção devem ser removidas (com o profissional/aluno ainda enluvado), descartadas, e novas coberturas devem ser colocadas. As barreiras garantem-nos segurança.


5.3.3 Antissepsia prévia da boca do paciente

Para a profilaxia das infecções, utilizamos os antissepticos sempre antes de qualquer procedimento como incisões, injeções, punções, raspagens, polimentos, moldagens.

São considerados antissépticos bucais: a clorexidina 0,12%, - os iodóforos (PVPI tópico).


5.3.4 Cuidados com o instrumental

Verifica-se pela literatura que a forma de se tratar os artigos odontológicos dependerá de sua utilização, sendo considerados como: críticos, semicríticos e não críticos. Visando primar por mais segurança na Clínica da FOP, o tratamento dos instrumentais sempre será da maneira mais rigorosa ou melhor, críticos e semi-críticos.

Artigos críticos: são todos aqueles que penetram nos tecidos subepiteliais, no sistema vascular e em outros órgãos isentos de microbiota própria, bem como todos que estejam diretamente conectados com eles. Esses artigos devem estar obrigatoriamente estéreis ao serem utilizados.

Ex: instrumentos, agulhas, brocas, bisturis, seringas, etc.

Artigos semicríticos: são todos aqueles que tocam membrana mucosa íntegra. Esses artigos também devem estar estéreis ou o mais possível livre de microrganismos – desinfecção. Ex: Espelho bucal, sonda exploratória, afastadores fotográficos, suporte de lençol de borracha, etc.

Artigos não-críticos: são todos os que entram em contato apenas com pele íntegra e/ou não entram em contato direto com o paciente. Esses artigos devem estar isentos de agentes de doenças infecciosas transmissíveis (desinfecção). Ex: mobiliário, cadeira, telefone, sanitários, etc.

As mais recentes recomendações são de que todos os artigos reutilizáveis, críticos, semicríticos ou não críticos, devem ser esteriliza-dos, desde que possível (BRASIL5 1994) pois todos os artigos odontológicos apresentam-se de alguma forma contaminados através dos aerossóis e/ou do contato das mãos (CDC10 1998).


5.3.4.1 IMERSÃO

O objetivo desta etapa é a diminuição da carga biológica com a remoção das sujeiras e resíduos orgânicos pelo contato com água e sabão ou detergentes. Atualmente, os detergentes desincrostantes enzi-máticos tem-se destacado na limpeza dos instrumentais cirúrgicos. Essas enzimas podem identificar, dissolver e digerir sujeiras específicas. Após a diluição, deve-se deixar o instrumental totalmente imerso na solução por 15 minutos; depois, enxaguar copiosamente com água, dispensando a limpeza mecânica. Podem-se usar, também, os limpadores ultrassônicos. Seguir rigorosamente as instruções do fabricante, particu-larmente no que diz respeito à diluição e tempo de ação.

5.3.4.2 LIMPEZA

É o processo de remoção de sujeiras e é universalmente recomendada antes de quaisquer procedimentos de desinfecção ou de esteri-lização de todos os instrumentos, superfícies e equipamentos; qualquer falha nesta atividade, incorre em falha no processo de desinfecção e es-terilização, pois sujeira e gordura atuam como fatores de proteção para os microrganismos, impedindo o contato do agente esterilizante. (APECIH3 1998).

São duas as formas de limpeza:

  1. Limpeza manual: é realizada com água, sabão/detergente e ação mecânica que consiste na fricção dos artigos e superfícies com es-covas, panos, dentre outros. Deve ser realizada com muita atenção, para evitar ferimentos nas mãos em decorrência da manipulação de artigos pérfurocortantes.
  2. Limpeza mecânica (automática): é executada principalmente através do uso de ultrassom, onde a chance de ferimento é bastante diminuida (ALVAREZ LEITE1 1996; GUANDALINI et al.21 1998).

Durante a limpeza dos instrumentos, visando a redução de riscos ocupacionais, recomenda-se o uso de aventais impermeáveis, luvas de limpeza, óculos de proteção e máscaras.

Portanto, antes da esterilização ou desinfecção, os instrumentos devem ser limpos vigorosamente para a retirada da sujeira e do material orgânico. O aluno ou o profissional deve decidir os objetos a serem utilizados durante o atendimento e determinar:

  • aqueles que podem ser apenas cobertos por invólucros,
  • aqueles que podem ser esterilizados,
  • e aqueles que podem ser desinfetados.

5.3.4.3 ENXÁGUE

O enxágüe deve ser realizado posteriormente a limpeza e/ou descontaminação, com água potável e corrente (BRASIL5 1994; SÃO PAULO35 1995b; BRASIL8 2000). 


5.3.4.4 SECAGEM

A secagem dos artigos tem como objetivos reduzir as chances de corrosão e evitar a ação da umidade nos processos e produtos utilizados para esterilização. O processo de secagem pode ser conseguido através de um pano limpo e seco; secadora de ar quente ou frio; estufa regulada a 50°C e ar comprimido medicinal (BRASIL5 1994; GUANDALINI et al.21 1998; BRASIL8 2000). A secagem por ação da gravidade também é indicada (SÃO PAULO36 1995c), mas ocasiona manchamento nos instrumentos metálicos.


>5.3.4.5 EMPACOTAMENTO

Após a limpeza e a secagem do instrumental, este deve ser empacotado para posterior esterilização.


5.3.4.6 DESINFECÇÃO

O processo de desinfecção é menos letal aos microrganismos patogênicos que o processo de esterilização, podendo o primeiro processo ser definido como um processo que leva a destruição dos microrganismos patogênicos com exceção dos esporos bacterianos.

Os desinfetantes são classificados em baixo, intermediário e alto nível segundo sua eficácia contra bactérias na forma vegetativa, bacilo da tuberculose, esporos de fungos, vírus hidrofílicos e lipofílicos e endósporos bacterianos (CEDROS11 1993; GUANDALINI et al.21 1998).

Como exemplos de desinfetantes mais comuns utilizados em Odontologia podemos citar o GLUTARALDEIDO À 2%, classificado como um DESINFETANTE DE ALTA EFICÁCIA, quando os artigos são imersos por um período de 30 minutos, e como ESTERILIZANTE QUÍMICO se os artigos permanecerem imersos durante 10 horas. É frequentemente utilizado como um desinfetante de alto nível para os materiais sensíveis ao calor (CEDROS11 1993; SAMARANAYAKE et al.33 1995).

Na Norma técnica de Artigos e Superfícies em estabelecimentos de saúde, o ÁLCOOL é indicado como desinfetante de nível intermediário para artigos e superfícies. São recomendadas 3 aplicações, da maneira como se segue: friccionar o álcool etílico 70% embebido em gaze, esperar secar e repetir 3 vezes o procedimento, totalizando um tempo de exposição de 10 minutos (BRASIL5 1994).


5.3.4.7 ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS

“NÃO DESINFETAR QUANDO SE PODE ESTERILIZAR.
ESTERILIZAR É A MELHOR CONDUTA.”

 

MÉTODO TEMPERATURA TEMPO
Autoclave:
  • por gravidade
  • por alto-vácuo
 121º C
132º C
 20 min.
04 min.
Estufa 160º C
170º C
120 min.
60 min.

Imersão em Glutaraldeído a 2% --------------------- 10 horas

ESTERILIZAÇÃO: é o processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as formas de microrganismos presentes. O processo de esterilização de artigos é um dos métodos mais eficientes de controle de infecção e o seu uso deve ser recomendado na rotina odontológica.

Processo de esterilização indicado para materiais e instrumental odontológicos:

MATERIAL TIPO DE MATERIAL PROCESSO
Brocas aço, carbide, tungstênio Autoclave ou estufa
Instrumental de Endodontia aço inox e outros Autoclave ou estufa
Moldeiras resistentes ao calor alumínio ou inox Autoclave ou estufa
Moldeiras não resistentes ao calor  cera ou plástico Agentes químicos
Instrumental aço Autoclave ou estufa
Bandejas metal Autoclave ou estufa
Discos Brocas de Polimento borracha
pedra
Agente químico
Autoclave ou estufa
Placas e Potes Vidro Autoclave ou estufa

As bandejas também necessitam ser submetidas à esterilização, devendo ser trocadas a cada paciente atendido.

Após a esterilização, o instrumental não deve ser manipulado, e a sua transferência para as bandejas deve ser feita por meio de pinças, também esterilizadas. Quando uma caixa é aberta, não se pode mais assegurar a esterilidade do instrumental que ela contém.


5.3.4.8 ARMAZENAMENTO

Os artigos esterilizados devem ser armazenados em condições adequadas, evitando-se a sua contaminação.

O Ministério da Saúde em sua última publicação destinada a classe odontológica indica que quando o material é estocado em local limpo, protegido do meio externo, sua esterilidade é preservada por sete dias, ultrapassado esse período, o instrumental deverá ser submetido novamente a todas as etapas de tratamento (BRASIL8 2000).


5.3.5 Cuidados com os moldes e modelos

Para evitar que material contaminado seja enviado ao Laboratório de Prótese, recomenda-se a sua prévia lavagem e descontaminação na Clínica.

Após a realização de moldagens, e antes de enviá-las ao Laboratório ou vazar o gesso, é necessário descontaminar a peça para remover salina, sangue e outros detritos e em seguida, usar substâncias desinfetantes.

Os desinfetantes indicados são: hipoclorito de sódio a 1% e glutaraldeído a 2%. Os métodos de aplicação podem ser por aspersão ou por imersão. Para a desinfecção, siga os seguintes passos:

  1. Lave abundantemente o molde com água para retirar toda a secreção ou resíduos presentes.
  2. Aplique o desinfetante por imersão (Glutaraldeído a 2% por 30 min, pois o gesso não sofre alterações), exceto para o alginato.
  3. Mantenha-o assim por 30 minutos, lave e realize os procedimentos necessários para confecção do modelo.

Os moldes em alginato não podem ser desinfetados antes de se vazar o gesso pois altera as propriedades do material, por isso a desinfecção deve ser feita no modelo de gesso.

As siliconas de adição devem ser desinfetadas após 30 minutos, para a possível eliminação do hidrogênio residual. Após esse período de tempo, desinfeta-se e vaza-se o gesso no molde.

As siliconas de condensação quando o fabricante não recomenda aguardar um determinado período de tempo, procede-se como para o alginato, se for recomendado aguardar um tempo antes de se vazar o molde procede-se como para a silicona de adição.

Sobre as moldagens e moldes:

MOLDES: dependem do material, portanto lavar abundantemente para retirar toda a secreção ou os resíduos presentes e depois vazar o gesso.

MODELOS: imergir em glutaraldeído a 2% por 30 min pois o gesso não sofre alterações e isto estará reduzindo em muito as chances de Infecção Cruzada ao Técnico de Laboratório (Protético).

Apesar do Ministério da Saúde recomendar a desinfecção de materiais odontológicos utilizados para moldagm das arcadas dentárias e até de gesso para a obtenção de modelos, é importante ressalvar que não são encontradas na literatura pesquisas que objetivem estudar alterações nas propriedades físicoquímicas destes materiais e fundamentalmente as relacionadas com a perda ou diminuição nas propriedades relacionadas à fidelidade de reprodução (modificações dimensionais), provocados por substâncias desinfetantes, tais como: o hipoclorito de sódio, glutaraldeído, clorexidina, iodóforo e outras.

O quadro seguinte sugere condutas para os diversos materiais de moldagem e modelos. Procedimentos indicados para desinfecção de materiais de moldagem e modelos.

MATERIAL DESINFETANTE TÉCNICA TEMPO
Siliconas Glutaraldeido Ácido a 2% Imersão 10 minutos
Mercaptanas Glutaraldeído Ácido a 2% Imersão 10 minutos
Polisulfetos GlutaraldeídoÁcido a 2% Imersão 10 minutos
Poliéster Hipoclorito de Sódio a 1% Imersão 10 minutos
Alginatos Iodóforos; e Hipoclorito de Sódio a 1% Aspersão ou Imersão Não mais que 10 minutos
Gesso Glutaraldeído a 2% Imersão 30 minutos
Cones de Guta-percha Hipoclorito de Sódio a 1% ouClorexidina gel a 2% Imersão 30 minutos
Prótese fixa:Metal/porcelana Glutaraldeído a 2% Imersão 10 minutos
Hidrocolóide Reversível Iodóforos; Hipoclorito de Sódio a 1% e GlutaraldeídoÁcido a 2%, 1:4 Imersão Não mais que 10 minutos
Prótese removívelMetal/Acrílico Hipoclorito de Sódio a 1:10 Imersão Não mais que 10 minutos
Prótese removíveltotal Hipoclorito de Sódio a 1:10 Imersão 10 minutos
Pasta OZE Hipoclorito de Sódio a 1:10; e Gluta alcalino 2% Imersão 10 minutos
Registros em cera Iodóforo Lavar-borrifar-Lavar-borrifar Deixar úmido por 10” após 2a.borrifar

5.3.6 Cuidados com a manipulação de materiais de biópsia e dentes

1. MATERIAL DE BIÓPSIA – PRECAUÇÕES

Para transportar a peça usar recipiente de paredes duras, inquebrável, envolvido em um saco impermeável e resistente de cor branco leitoso; fechar e lacrar o recipiente; cuidado para não contaminar a parte externa do recipiente. 

2. DENTES PARA ESTUDO

Antes de serem manipulados, devem sofrer descontaminção com imersão em uma das seguintes soluções: detergentes e Glutaraldeído a 2% ou Hipoclorito a 1% por 30 minutos. Depois de descontaminados, devem ser limpos e esterilizados em autoclave.

3. DENTES EXTRAIDOS

Usar luvas ao manipular dentes extraídos e descartá-los junto com o lixo sólido contaminado.


5.3.7 Cuidados com a manipulação do lixo

Descarte do lixo e de resíduos da Clínica.

O lixo contaminado da Clínica deve ser separado e acondicionado em sacos plásticos brancos e recolhido pelo serviço público especializado, que o encaminhará à incineração.

Objetos pérfuro-cortantes devem ser descartados imediatamente após o uso em recipientes estanques, rígidos e com tampa e com o símbolo de infectante, de acordo com a NBR 7500 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e com a transcrição das expressões INFECTANTE e MATERIAL PÉRFUROCORTANTE. Após o fechamento desse coletor de material pérfuro-cortante, ele deve ser colocado em saco plástico branco leitoso, padronizado (ABNT - NBR 9190 e NBR 9191 de 1993).

Nesse saco, deve constar o símbolo de material infectante. Em seguida, o saco deve permanecer em local apropriado, aguardando a coleta especial.


5.3.8 Em caso de contaminação

  • Contaminação de pele com saliva ou sangue: lavar imediata e abundantemente a região com água e sabão líquido e promover a antissepsia com álcool-iodado 0,3% ou similar;
  • Ferimentos com instrumental cortante ou perfurante: lavagem imediata e abundante com água e sabão líquido, seguido de álcool-iodado a 0,3% ou similar;
  • Contaminação dos olhos com sangue ou saliva: deve-se usar colírio a base de nitrato de prata a 1%.
  • Procurar o Professor Responsável pela Clínica para que o aluno e o paciente sejam encaminhados para o Centro de Controle de Infecção Hospitalar - CEDIC - para consulta com médico infectologista para que seja instituida a terapia adequada de acordo com o tipo de ferimento e com o perfil do paciente.

LEMBRETE IMPORTANTE:

Existindo aparelhos condicionadores de ar, estes não devem ser usados ininterruptamente. O ambiente necessita de ventilação natural. Os filtros devem ser substituídos por outros limpos, semanalmente.

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Quinta, 21 Maio 2015 15:10

Controle da Infecção

4. Controle da Infecção Cruzada na Prática Odontológica

Não existem dúvidas que a infecção cruzada acontece a partir dos procedimentos odontógicos. A exata magnitude da Infecção Cruzada na Odontologia é improvável de se conhecer precisamente.


4.1. Mecanismo de Infecção Cruzada

Para compreender o mecanismo da Infecção Cruzada vamos sugerir uma situação hipotética:

“O paciente sentou-se na cadeira odontológica, o instrumental esteriliza-do foi disposto adequadamente e o aluno/profissional lavou criteriosa-mente as mãos. Porém, num dado momento o refletor precisa ser melhor posicionado, a cadeira abaixada, novo instrumento precisa ser reti-rado da gaveta, as seringas de ar e água são manipuladas, as peças de alta e baixa rotação são tocadas.” 

Tudo o que for tocado pelo aluno ou pelo profissional torna-se teórica-mente contaminado. Além disso, todas as superfícies da sala ficam contaminadas por aerossóis produzidos pela peça de mão, seringas de ar e água.

Existem três nichos ou reservatórios que favorecem a Infecção Cruzada na Clínica ou no Consultório:

  1. Instrumental
  2. Mãos
  3. Superfícies contaminadas

Todos os pacientes devem ser considerados potencialmente infectantes pelo fato de não poderem ser identificados, mesmo com um bom levantamento da história médica e a realização de criterioso exame físico e de testes laboratoriais.

Todo paciente deve ser atendido como se fosse portador de uma doença contagiosa.

Levando-se em consideração isso tudo, o CDC-EUA (Center for Disease Control and Prevention) recomenda que se tomem precauções contra a contaminação por sangue ou outros fluidos corporais de forma consisten-te no atendimento de TODOS OS PACIENTES Isso ficou conhecido como “precauções universais.”

Realizar CI (Controle de Infecção) é uma necessidade moral e legal, que torna a razão do trabalho verdadeira e valoriza o profissional da Saúde e a profissão, perante o paciente e a sociedade. Embora a reali-zação do CI tenha um certo custo, vidas não tem preço.


4.2 Estruturação do conhecimento para a realização do CI

Todos devem estar conscientes das variáveis que levam à contaminação e à infecção:

  • 4.2.1 A presença de fontes de microrganismos
  • 4.2.2 As formas de contaminação
  • 4.2.3 Patogenicidade 

4.2.1 A PRESENÇA DE FONTES DE MICROGANISMOS

A maior concentração de microrganismos na Clínica/Consultório Odontológico encontra-se na boca do paciente. Quanto maior a manipulação de sangue, visível ou não, maior é a sua chance de contrair doença infecciosa. Ao utilizarmos instrumentos rotatórios, jatos de ar, ar/água, ar/água/bicarbonato e ultra-som, a contaminação gerada em até 1,5 m de distância é muito grande.

    Peças de mão e borrachas contaminadas, a água que supre o abastecimento de Saúde, o sabonete em barra, a toalha de pano, a torneira não automática, as soluções de limpeza, podem ser fortes veículos de microrganismos.

Nossas mãos, uma vez contaminadas de saliva e/ou sangue, são os maiores veículos de contaminação de superfícies.


4.2.2 FORMAS DE CONTAMINAÇÃO

  1. Direta: ocorre pelo contato direto entre o portador e o hos-pedeiro. Ex. Hepatites virais, HIV.
  2. Indireta: ocorre quando o hospedeiro entra em contato com uma superfície ou substância contaminada. Ex. Hepatite B, Herpes simples.
  3. À distância: através do ar, o hospedeiro entra em contato com o microrganismo. Ex.Tuberculose, Sarampo e Varicela.

4.2.3 PATOGENICIDADE

Expressa a possibilidade de uma contaminação gerar uma infecção.

Uma vez ocorrida a contaminação, a possibilidade de ocorrer a infecção é diretamente proporcional ao número de microrganismos contaminantes vezes a virulência deles e é inversamente propor-cional à resistência do hospedeiro. A virulência é definida como o conjunto de recursos que os microrganismos possuem para causar dano ao hospedeiro, instalando-se, sobrevivendo e, finalmente mul-tiplicando-se. Resumindo, para que ocorra uma infecção é necessário que haja uma fonte de microrganismos, um contágio através de uma das três formas, por um microrganismo de determinada virulência, em um hospedeiro com maior ou menor resistência.

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Quinta, 21 Maio 2015 15:03

Meios e Riscos

3. Meios e riscos de contaminação

A prática odontológica oferece condições para o risco de infecção cruzada, que são:

  • Estreito contato profissional-paciente;
  • Realização do trabalho diretamente na cavidade bucal, favorecendo o potencial de estímulo a sangramento;
  • Produção constante de aerossóis pelo uso de instrumentos rotatórios cortantes, dispersando um vasto número de microrganismos no ambiente e, portanto, colocando toda a área de operação e a equipe como potencialmente contaminadas;

Podemos classificar as vias de transmissão de microrganismos no atendimento a pacientes na Clínica Odontológica em três:

  • Contato direto com lesões infectadas, sangue ou saliva;
  • Transmissão indireta através de instrumentos e equipamentos contaminados;
  • Inalação ou absorção dos microrganismos veiculados através do ar, em de corrência da produção de aerossóis contaminados de sangue e saliva infectados pela tosse, espirro e fala ou perdigotos de secreções nasofaringea - nas (ALVAREZ LEITE1 1996; CHINELATO e SCHEIDT12 1993).

3.1. O risco dos aerossóis

O potencial de risco dos aerossóis produzidos em Consultórios/Clínicas Odontológicas já foi grandemente demonstrado.

Aerossóis: suspensão de micropartículas sólidas ou líquidas presentes no ar atmosférico sob a forma de uma fina névoa, passíveis de permanecer flutuando por longo período de tempo, com dimensões de 0,1 a 50 micrômetros.

Penetram no organismo através das vias aérea e ocular.

Podem ser produzidos principalmente pelos motores de alta e baixa rotação, raspadores ultrassônicos e pelas seringas tríplices.

O M. tuberculosis já foi encontrado nos aerossóis odontológicos.

Micik e cols. conceituam o aerossol odontológico como sendo partículas menores que 50 micrômetros e partículas acima disto são denominadas de espirros. As partículas menores que 50 micrômetros são as que representam maior risco, pois estas é que são capazes penetrar na árvore respiratória.

O aerossol em si não deve ser confundido com a névoa (spray), o gotejamento e o espirro. É constituido por partículas invisíveis, que são oriundas das névoas produzidas.

A detecção do HIV nos aerossóis é muito pouco provável, já que sua concentração no sangue é geralmente bem menor que a do HBV.

Os microrganismos podem ser introduzidos na peça de mão no tratamento de um paciente e infectar o próximo. Toda vez que retiramos o pé do pedal de um aparelho de alta rotação há uma aspiração por alguns instantes mesmo que o instrumento rotatório seja equipado com válvula anti-retração.

O CDCP (Centers for Disease Control and Prevention) e a ADA (American Dental Association) sugerem que as linhas de água devem ser acionadas no início dos trabalhos para diminuir a contaminação que se acumulou durante a noite e entre os pacientes para reduzir a contagem de microrganismos aspirados do paciente anterior.


Diminuindo a produção de aerossóis

Estratégias para diminuir o risco do aerossol em Consultórios/Clínicas Odontológicas:

  • coloque o paciente na posição mais adequada.
  • nunca use a seringa tríplice na sua forma em névoa (spray) acionando os dois botões simultaneamente.
  • regule a saída de água de refrigeração. O dente precisa de refrigeração mas não há necessidade de exageros.
  • paramentação
  • use sempre que possível dique de borracha.
  • use sempre sugadores de alta potência.
  • O uso de colutórios anti microbianos antes do tratamento reduz a quantidade de microrganismos na cavidade bucal.
    Ex. Clorexidina

Apesar do alto risco existente na prática odontológica em adquirir e/ou transmitir doenças infecciosas, existem meios capazes de controlar a trans-missão de microrganismos patogênicos, através da adoção de medidas de controle de infecção, tais como o uso de equipamentos de proteção individual e procedimentos de desinfecção e esterilização de equipamentos e instru-mentais utilizados (ROSSETINI32 1984; SAMARANAYAKE et al.33 1995; COTTONE et al.13 1996; CDC10 1998).

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