Terça, 09 Maio 2023 09:00

Pesquisa identifica obstáculos na busca por tratamento de AVC

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Estudo conduzido pela fisioterapeuta Andreza Maria Luzia Baldo de Souza, doutoranda da área de Saúde Coletiva, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, mostrou que pessoas acometidas por Acidente Vascular Cerebral (AVC) expressam sentimentos como medo, angústia, tristeza e crenças (espiritualidade). Tal percepção decorre da complexidade do itinerário no Sistema Único de Saúde (SUS) e a necessidade de melhorias na assistência aos pacientes, revela a pesquisa “Percepções sobre o Itinerário Terapêutico Após Acidente Vascular Cerebral”. A dissertação teve orientação do professor Pedro Augusto Thene Leme.

A pesquisa teve como objetivo analisar a compreensão sobre o itinerário terapêutico de pessoas acometidas por acidente vascular cerebral no contexto do SUS no município de Piracicaba e foi realizada em diversas Unidades de Saúde da Família e utilizou um método clínico qualitativo, com o uso de entrevistas semiestruturadas em profundidade. A análise qualitativa de conteúdo permitiu a construção de 4 categorias que emergiram dos dados analisados: os entrevistados relataram dificuldades em identificar o AVC, ou seja, reconhecer os sinais e procurar ajuda; angústias na demora do atendimento, fato muito importante pois a demora pode reduzir as chances de tratamento; não foram encaminhados de forma adequada e não encontraram oportunidade de fazer fisioterapia, fonoaudiologia, consultar um psicólogo e transporte e, por fim, demonstraram gratidão por livramentos da morte, de sequelas mais graves e do não afastamento de suas atividades cotidianas.

Itens como conhecer a doença, prevenção, identificar os sinais e como pedir socorro são primordiais para favorecer a ausência de sequelas e recuperação funcional. O acidente vascular cerebral (AVC) é uma condição grave que pode levar a morte ou deixar sequelas permanentes. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo atendimento de pacientes com AVC, oferecendo desde o atendimento emergencial até a reabilitação (política pública chamada “Linha de cuidado do AVC”). De acordo com os dados do Ministério da Saúde, o AVC é a segunda causa de morte da população brasileira: mais de 100 mil óbitos, com 400 mil casos/ano.  A cada 5 minutos, ocorre uma morte por AVC; portanto, é essencial conhecer esse assunto, alerta a pesquisadora.

Souza explica que a doença pode acontecer por comprometimento vascular de qualquer parte do encéfalo, dentre elas, o cérebro. Entre os fatores de risco, estão: obesidade, diabetes mellitus, tabagismo, doenças cardíacas prévias como fibrilação atrial, hipertensão arterial, stress entre outros.

Saiba o que é, causas e como tratar um AVC

A fisioterapeuta explica que, respeitada a individualidade de cada caso, a orientação da “linha de cuidados do AVC” inicia-se com os primeiros socorros e prossegue na seguinte evolução: atendimento em tempo hábil para fazer trombólise ou trombectomia, referenciamento adequado para a reabilitação de forma integralizada que inclua acompanhamento psicológico, nutricional, fonoaudiológico e fisioterapêutico.

Há dois tipos de AVC

O isquêmico - quando ocorre o entupimento de um vaso ou de uma artéria provocado por um trombo ou embolo, impedindo a passagem do sangue. E a forma hemorrágica - que acontece um extravasamento de sangue por ruptura de um vaso ou artéria, causando morte da área afetada.

Tratamento

A melhor forma é a prevenção, realizando acompanhamento médico para verificar seu estado de saúde e cuidar para não desenvolver doenças como a hipertensão arterial, obesidade, diabetes, controlar o colesterol e cuidar da saúde mental.

De acordo com a pesquisadora, atualmente, o SUS possui o tratamento com a trombólise que consiste na administração de um medicamento trombolítico na veia do paciente, que tem função de dissolver o coágulo sanguíneo que está obstruindo a artéria cerebral e causando a isquemia; mas, para isso, é preciso respeitar o tempo de no máximo quatro horas e meia após os primeiros sintomas.   “Por isso, tempo perdido é cérebro perdido”.

Outra forma de tratamento comprovada para casos isquêmicos é a trombectomia mecânica, que consiste em retirar o coágulo através de um cateter que vai até o ponto de oclusão responsável pelo AVC. Na ponta desse cateter, há um Stent retriever (ou seja, um stent que é retirado), capaz de aderir ao trombo e resgatá-lo, liberando o fluxo sanguíneo. Sua implantação no SUS é recente e não contempla ainda todos os centros de AVC, conta.

Como identificar os sinais de um AVC?

Identificar um AVC é primordial, por isso fique atento aos sinais: dificuldade para falar ou compreender, sorrir simetricamente (a boca fica torta), perder força no braço ou em um lado do corpo, ficar com confusão mental, visão alterada (embaçada ou dupla), alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar, dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. Todos estes sinais são de alerta. Se o atendimento for rápido, maiores serão as chances de sobrevivência e recuperação funcional.

No município de Piracicaba, a Santa Casa Saúde é o centro de referência para tratamento do AVC.

Ligue para o SAMU (192), Corpo de Bombeiros (193), ou levar a pessoa imediatamente ao hospital.