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Na primavera, após uma forte chuva, em dias de calor, é comum ouvir zumbidos que podem chegar facilmente a 120 decidéis. Essa é uma cena comum, nessa época, na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, principalmente, na rua que margeia a unidade, logo após o prédio administrativo e nos estacionamentos. Os cantos ecoam das ingazeiras, uma das árvores preferidas da cigarra. O ruído é o chamado de acasalamento emitido pelas cigarras macho. As fêmeas não emitem som. O barulho é produzido através da vibração das membranas na parte inferior do seu abdômem, explica o Biólogo Adriano Martins. 

O termo cigarra é a designação comum aos insetos homópteros da família dos cicadídeos, que reúne os maiores representantes da espécie. Existem mais de 1.500 espécies conhecidas deste insetos (sendo que a Carineta fasciculata pode ser considerada como a espécie-tipo brasileira). São notadas devido à cantoria entoada pelos machos, diferente em cada espécie e que é ouvida no período quente do ano. 

Segundo o biólogo Martins, o ciclo de vida da cigarra tem início na forma jovem, cujo termo correto da cigarra nesse estágio é ninfa. Elas ficam embaixo da terra presas as raízes das árvores. Lá, podem ficar de dois a 17 anos perfurando e sugando a seiva. A partir de um certo tamanho, que pode variar, elas estão prontas para sofrer a metamorfose. Com o estímulo da umidade e do calor é liberado um hormônio o qual leva as ninfas a saírem da terra e escalarem qualquer elevação, que pode ser um tronco ou parede, onde trocarão de casca. Após a cópula, as fêmeas descem dos troncos das árvores e põem os ovos próximo ao solo, quando eclodem as ninfas. Após, se enterram perfurando as raízes e sugando o líquido. Quando adultos vivem da seiva do broto das árvores. A espécie encontrada na FOP vive em média quinze dias.

As cigarras também são reconhecidas pela forma característica e pelo tamanho grande, que varia cerca de 15 milímetros até pouco mais de 65 milímetros de comprimento e atingindo até 10 centímetros de envergadura. Possuem um “bico” comprido para se alimentar da seiva de árvores e plantas onde normalmente vivem.

A importância da cigarra no ecossistema é positiva, por um lado, por servir de alimento para os predadores e, negativa, por outro, porque constitui-se em pragas de algumas culturas. As suas ninfas vivem alimentando-se da seiva das raízes das plantas, causando sensíveis prejuízos pela quantidade de líquidos vitais que retiram e pelos ferimentos causados às raízes, facilitando a penetração de fungos e bactérias.

Muitas espécies de cigarra têm períodos diferentes de amadurecimento, com ciclos vitais de duração variada, enquanto as larvas ficam sob a terra. Mas sete espécies do gênero Magicicada têm uma característica adicional: elas são sincronizadas, ou seja, saem do chão todas ao mesmo tempo, para cerca de duas semanas de canto ensurdecedor, acasalamento e postura de ovos.

É muito importante considerar o aspecto das cigarras no ambiente como um todo, pois é necessário escolher árvores adequadas ao paisagismo, evitando a monotonia e a ameaça de uma praga. É interessante aumentar a área plantada com árvores, porém respeitando o espaço das calçadas, dos veículos, dos fios dos postes, tudo que existe no ambiente urbano. “Não podemos plantar árvores com crescimento muito acelerado, com raízes superficiais ou uma só espécie. Se as cigarras apreciam a seiva de árvores frutíferas, devemos variar o tipo de árvore que nos dará sombra, frescor e conforto, porque essa escolha vai nos acompanhar por gerações. Teremos grandes amigas, tanto para nós como para sustentar a fauna que convive conosco”, explica Adriano Martins.

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