Um estudo desenvolvido na área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp demonstrou que a Fluoxetina (Prozac) é capaz de modular a resposta do hospedeiro na doença periodontal e reduzir a perda óssea em modelo animal. Os resultados do estudo foram apresentados na última reunião da SBPqO, e a apresentação gerou o importante prêmio “Hatton” à aluna de doutorado Luciana Salles Branco de Almeida, que vai representar o Brasil no próximo IADR em San Diego, Califórnia (EUA). A aluna é orientada pelo professor Pedro Rosalen e co-orientada pelo professor Gilson Franco (UNITAU). O trabalho foi realizado em parceria com o “The Forsyth Institute” (Harvard Dental/Medical School, Cambridge, MA, EUA), sob colaboração do professor Toshihisa Kawai, durante o período de Doutorado Sanduíche (CAPES/PDEE) realizado por Luciana naquele instituto.
“A hipótese desse trabalho surgiu porque, apesar de ser largamente utilizada como antidepressivo, estudo recentes mostram que a Fluoxetina possui propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras. Com isso, imaginamos que ela pudesse ser capaz de modular a resposta inflamatória do hospedeiro na doença periodontal”, comentam os autores.
Os pesquisadores observaram que a Fluoxetina interfere na apresentação do antígeno aos linfócitos T pelas células dendríticas, que são as principais células apresentadoras de antígenos do sistema imune. A Fluoxetina diminui a produção de importantes mediadores inflamatórios pelas células dendríticas, bem como a expressão de uma importante molécula (ICOS-L) co-estimuladora para os linfócitos T. Ainda, quando se utilizou culturas de células dendríticas tratadas com a Fluoxetina juntamente com linfócitos T, observou-se uma diminuição da produção de RANKL pelos linfócitos T. “Como o RANKL é uma molécula diretamente relacionada à ativação de osteoclastos, decidimos testar o efeito da Fluoxetina sobre a perda óssea induzida em um modelo animal de doença periodontal RANKL-dependente. A Fluoxetina reduziu significativamente a perda óssea nos camundongos tratados, demonstrando uma interessante capacidade de modular a resposta do hospedeiro na doença periodontal”, comenta Luciana.
Os autores afirmam que esses achados dos efeitos da Fluoxetina sobre as células dendríticas e a doença periodontal são inéditos. Ainda, são muito importantes não só em relação à doença periodontal, mas também podem causar impacto como possível tratamento para outras doenças auto-imunes (como a artrite reumatóide) e outras condições que envolvam a ativação de linfócitos T.