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O professor Ricardo Della Coletta, da área de Patologia, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, dentre outros pesquisadores, participa de um consórcio, cujo objetivo é estudar a origem do lábio leporino. A fissura labial palatina, deformidade congênita conhecida como lábio leporino, tem prevalência de um caso para 700 nascimentos em todo mundo, sendo que a maioria tem causas desconhecidas. Para tentar desvendar quais são os fatores genéticos que provocam a deformidade um estudo está sendo desenvolvido por pesquisadores de várias instituições brasileiras, em sistema de consórcio.

O projeto Estudos genéticos de deformidades craniofaciais conta com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participam do projeto, além do professor Coletta, os pesquisadores Hercílio Martelli Junior, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Mário Sérgio Swerts do Centro Pró-Sorriso/Centrinho, da Universidade José do Rosário Velano/Unifenas, de Alfenas, no Sul de Minas; Eduardo Castilla, da Fundação OswaldoCruz (Fiocruz) e Ieda Oriolli, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os estudos também contam com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Entre as pesquisas desenvolvidas sobre o assunto, com orientação do professor, consta a dissertação de mestrado de Andréia Bufalino, que avaliou a influência de fatores genéticos relacionados à mãe e o risco para o nascimento de crianças com fissura labial e/ou palatina não-sindrômica. O estudo analisou o DNA de mães que possuíam filhos com alguma fissura e mães de filhos não fissurados.

“Não se sabe qual o exato fator etiológico envolvido. A fissura labial e/ou palatina não-sindrômica é uma anomalia complexa e multifatorial e provavelmente está associada com vários fatores ambientais e genética tais como o hábito materno de fumar e consumo de bebida alcoólica, uso de drogas teratogênicas, desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes e obesidade durante os três primeiros meses de gestação ou alterações genéticas (polimorfismos) no DNA materno ou da criança em alguns genes específicos.”Como a etiologia da doença ainda não é completamente conhecida, torna-se necessários mais estudos para tentar entender melhor quais são os fatores que estão relacionados com uma maior propensão para o desenvolvimento desta anomalia.

O trabalho de Andréia, que teve orientação do professor Ricardo Della Coletta da área de Patologia, mostrou que 70% das mães com filhos fissurados não haviam feito uso da suplementação vitamínica com ácido fólico em contraste com apenas 30% das mães com filhos fissurados que usaram a suplementação. “Verificamos que além da falta de suplementação vitamínica, a presença de uma alteração no DNA (polimorfismos) destas mães também pode colaborar para este risco aumentado de ter um filho com fissura”, explica a pesquisadora. “Por exemplo, o estudo demonstrou que a presença do polimorfismo no gene MTHFR aumenta em até 6 vezes o risco de nascimento de uma criança com fissura lábio e/ou palatina”, adianta.

A pesquisadora explica que a fissura labial e/ou palatina (malformação congênita popularmente conhecida como “lábio leporino” ou “goela de lobo”) é bastante comum no mundo inteiro. Por exemplo, um estudo anterior realizado com uma população do sul de Minas Gerais revelou que para cada 1000 crianças nascidas vivas 1,46 crianças nascem com algum tipo de fissuras. No entanto, esta prevalência é altamente variável ao redor do mundo.

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