O diretor científico da Fapesp e ex-reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, disse que uma das restrições imposta pela Fapesp se deve ao fato do docente solicitar apoio sem que a universidade ofereça as devidas condições de desenvolver os trabalhos. “Hoje, o pesquisador tem que administrar todos os trâmites para realizar um trabalho de pesquisa, quando o necessário seria ter alguém específico para executar tal tarefa. Determinadas atividades deveriam ser feitas por pessoas que a universidade contrata”, explica. A partir de junho, todo projeto temático para ser aprovado terá que passar por entrevista com o pesquisador, diretor e com o pró-reitor de pesquisa para ver se as condições de apoio institucional são adequadas. A Fapesp não pode financiar esses funcionários, mas está discutindo com as universidades sobre o assunto, disse.
O diretor científico falou aos professores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp na tarde de quinta-feira, dia 5, sobre os desafios e caminhos da pesquisa científica brasileira para a década de 2010. Professores e alunos da unidade, além de representantes da Escola Superior de Agricultura (Esalq-USP) e da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), lotaram o salão nobre.
Segundo Brito Cruz, a Fapesp tem como principal objetivo apoiar a pesquisa e não a universidade. A entidade recebe cerca de dezoito mil propostas por ano. Destas, 55% são aprovadas. Esse número é considerado elevado quando comparado a outros países desenvolvidos, como a Inglaterra, por exemplo, que aprova cerca de 16% das solicitações. O tempo médio de análise das propostas é de 74 dias. “Um dos prazos mais curtos do mundo”, disse. Mesmo assim, é necessário que o pesquisador seja organizado para solicitar o apoio e ter a resposta em tempo hábil. Na Unicamp, a Fapesp é responsável por 49% do auxílio à pesquisa, seguida pelo CNPq, com 28%, Capes, 20% e 3% vem da FINEP. Nos últimos anos, a quantidade de solicitações de bolsa de iniciação científica subiu de 500 para 3500.
Os dados apresentados por Brito mostraram que a FOP tem desempenho muito positivo e está acima da média das demais faculdades, com 70% de aprovação das suas solicitações. Esse número pode ser explicado devido à unidade possuir pesquisadores bem qualificados, disse. Sessenta e seis docentes apresentaram propostas em 2010. Considerando que o quadro de professores é formado por cerca de 75 docentes, isso mostra que a unidade mantém um quadro homogêneo de apresentações, praticamente uma solicitação por docente por ano. Entretanto, o diretor científico alertou para a necessidade de desenvolver um número maior de projetos temáticos. As principais modalidades de auxílio proposta pela FOP são, na seguinte ordem: auxílio regular, bolsa de mestrado, bolsa de doutorado, bolsa de pós-doutorado e auxílio temático.
Outros aspectos abordados na palestra foram a necessidade de se aumentar o número de pós-doutores na Universidade e as colaborações em pesquisa com instituições do exterior. A palestra foi promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia.