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Cerca de oitenta alunos do curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp estiveram presente no Curso Pré-Congresso realizado no último dia 8 de maio, no salão nobre. O Curso atendeu às expectativas da comissão organizadora, que já prepara outros eventos que serão realizados em breve, revela a presidente da Jornada Odontológica de Piracicaba (JOP), Natália Funari Gomes. Com o título “Violência Doméstica”, o egresso da FOP, professor Paulo Eduardo Miamoto Dias, falou como a conduta do cirurgião-dentista e o registro documental e fotográfico podem ajudar (ou prejudicar) vítimas. A JOP acontece entre os dias 1 e 5 de outubro.

O curso pré-congresso foi idealizado com o objetivo de disponibilizar palestras de forma acessível aos profissionais de odontologia, demais profissionais da saúde e também à comunidade em geral, além de possuir caráter social, que é a doação dos alimentos arrecadados com as inscrições para instituições de caridade.

Miamoto disse que o cirurgião–dentista tem o dever de denunciar casos de violência doméstica, além de ser uma infração ética legal. A denúncia deve ser encaminhada ao órgão responsável por meio de uma ficha, que pode ser baixada da internet. A comunicação pode ser encaminhada ao órgão competente, que pode variar: se for criança é o conselho tutelar, se for mulher é a delegacia da mulher e se for idoso é a delegacia do idoso. Se não tiver nenhum desses órgãos na localidade, pode encaminhar a ficha para a autoridade policial ou judiciária. “É importante deixar claro que o papel do dentista não é tentar conciliar. Ele não tem treinamento para isso. O papel dele é notificar”, alerta Miamoto.

Entretanto, a maioria dos cirurgiões-dentistas tem pouco conhecimento sobre o assunto e não estão preparados para diagnosticar esse tipo de situação. “O assunto é pouco explorado na graduação e existe uma falta de treinamento sobre o tema na classe odontológica”, conta.

O prontuário do paciente e o registro fotográfico são grandes aliados nesse trabalho e podem servir de provas em um eventual processo. A qualidade do trabalho odontológico pode ser determinante na hora de investigar um caso de violência doméstica. O Cirurgião-Dentista treinado conhece as técnicas de abordagem, o que facilita sobremaneira responder questões que dão pistas sobre possíveis violências.

Geralmente, explica Miamoto, as lesões não são compatíveis com o histórico que o paciente relata e pode variar entre marcas de mordidas, lesões que tenham formato do objeto que as causou, fivela de cinto, entre outros. Já, quando a vitima é amordaçada, os cantos da boca ficam machucados. “Não são lesões constantes, porém, com o olhar treinado o dentista pode detectá-la com relativa facilidade”, revela.

Geralmente, o comportamento do paciente dá pistas do que está acontecendo, como por exemplo, ansiedade ou medo, e o próprio dentista pode detectar durante a consulta ou na sala de espera. Há casos em que as lesões têm característica de cicatrização diferente. Ou seja, elas acontecem em intervalos de tempo diferentes. “O dentista estratégico, na repetição desses casos, tem maior facilidade de diagnosticar”, conta.

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