Já é possível encontrar uma obra nacional que trata de forma abrangente, e ao mesmo tempo densa, das áreas de Educação e Promoção da Saúde. “Educação e Promoção da Saúde – Teoria e Prática” é um livro organizado pelo professor Fábio Luiz Mialhe, da área de Educação para a Saúde, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP/UNICAMP), juntamente com a professora Maria Cecília Focesi Pelicioni, do Departamento de Prática de Saúde Pública, da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (FSP/USP), uma das maiores Instituições de Saúde Pública do Brasil e da América Latina.
A obra é constituída de 40 capítulos, 834 páginas e apresenta caráter multiprofissional, pois foi elaborada por médicos, engenheiros, biólogos, enfermeiras, pedagogos, psicólogos, nutricionistas, cientistas sociais, advogados, cirurgiões dentistas, e pode ser encontrada no site do grupo GEN (http://www.grupogen.com.br/ch/prod/11214/0/educacao-e-promocao-da-saude—teoria-e-pratica.aspx) no valor de cento e dez reais.
Segundo Mialhe, a ideia do livro surgiu quando ele desenvolveu seu Pós-Doutorado na FSP/USP em 2009. “Observei que havia uma lacuna na literatura nacional de uma obra que contemplasse de forma multiprofissional e interdisciplinar as áreas de Educação e Promoção da Saúde. Foi aí que surgiu a parceria com a professora Maria Cecília Focesi Pelicioni e então uma rede de colaboradores foi formada. O movimento de Promoção da Saúde reconhece que a saúde das populações sofre influências dos determinantes socioeconômicos e culturais, tais como acesso a emprego, moradia, alimentação saudável, transporte público eficiente, educação cidadã, entre outros. Assim, a implementação de políticas públicas intersetoriais saudáveis, ambientes promotores de saúde, educação em saúde para cidadania e para a organização popular, serviços públicos com foco na integralidade e equidade são estratégias fundamentais para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Dentro desse contexto, a educação em saúde é fundamental para capacitar as pessoas a desenvolverem habilidades pessoais e comunitárias que as permitam melhorar sua autonomia, autoestima, o senso de solidariedade, a democracia e a participação popular”.
A seção 1 trata, inicialmente, da trajetória das ideias de educação e de promoção da saúde e de sua implementação ao longo da história brasileira. Já na sequencia, discorre da criação de ambientes favoráveis à saúde. Na seção 2, a trajetória se mescla à prática dando ênfase aos princípios e valores da promoção da saúde, equidade, protagonismo, cidadania, sustentabilidade, qualidade de vida, participação, autonomia e outros. São relacionados na seção 3, projetos de intervenção com suas conquistas, dificuldades de implantação e resultados obtidos na busca da educação emancipatória da população, da melhoria da qualidade de vida e saúde ambiental. Para concretizar, na seção 4, é apresentada a promoção de saúde como um processo participativo em diferentes espaços: contextos locais, hospitais, escolas e unidades de conservação.
Mialhe destaca a participação de autores internacionais, como o professor Jaime C. Sapag, que trabalha no Centre for Addiction and Mental Health, em Ontario, Canadá, e que redigiu o capítulo sobre capital social e saúde. Além dele, a professora Laura Waynsztok, Coordenadora do programa nacional de municípios e comunidades saudáveis da Argentina, redigiu o capítulos obre gestão intersetorial em saúde.
Esse é o terceiro livro organizado pelo professor nos seis anos que trabalha na FOP. Além deste, o autor lançou os livros “O Agente comunitário de Saúde: Práticas Educativas” (http://www.editora.unicamp.br/o-agente-comunitario-de-saude.html) e “Integração Ensino-Serviço para orientação da formação profissional em saúde: A experiência da FOP/UNICAMP”, em parceria com professores e alunos do Departamento de Odontologia Social (http://biblioteca.fop.unicamp.br/cms/pdf/Pro-Saude.pdf) .
“A FOP é um dos poucos cursos de Odontologia do país que apresenta uma área específica de educação em saúde, e a produção bibliográfica realizada até o momento demonstra o potencial da área para crescer e levar o nome da FOP a outras Instituições. Faço aqui um agradecimento especial ao prof. Miguel Morano Júnior, meu grande mestre e incentivador no campo da educação em saúde, e fundador da área na FOP. Entretanto, sozinho é muito difícil ampliar o escopo das pesquisas, orientações e ensino. A área necessita com urgência da contratação de mais um docente com formação pedagógica, mesmo que em regime de tempo parcial, para se responsabilizar por ministrar, atualizar e fazer crescer a Disciplina de Metodologia de Ensino a todos os cursos de Pós-Graduação da FOP. Sem a presença de um docente com formação pedagógica e que faça parte do quadro ativo de professores da FOP, não há como a disciplina de Metodologia de Ensino crescer e ajudar os alunos da Pós-Graduação a serem melhores formados para exercerem a docência. Atualmente há um movimento dentro da CAPES para que os programas de Pós-Graduação sejam avaliados também por sua capacidade de formar professores, e não só pesquisadores, e a FOP, dentro do seu planejamento estratégico, precisa pensar nisso”, conclui Mialhe.