Estudo conduzido pelo cirurgião-dentista José Ribamar Sabino, cujo objetivo foi o de comparar a Campanha de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer Bucal, desenvolvida paralelamente à Campanha Nacional de Vacinação contra Gripe, proposta pelo Ministério da Saúde, com o projeto de “Busca Ativa de Lesões Bucais, Lesões Malignas e Potencialmente Malignas” da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), Unicamp. Os resultados apontaram que a segunda estratégia foi mais eficiente na detecção de Câncer Bucal. Entretanto, as duas campanhas foram importantes para diagnóstico de inúmeras outras lesões benignas contribuindo para promoção de saúde bucal, argumenta Lopes.
Para se chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram os prontuários de pacientes que foram encaminhados ao Orocentro da FOP-UNICAMP (serviço especializado em diagnóstico e tratamento de lesões bucais) por apresentarem lesões detectadas nas campanhas de prevenção e detecção do câncer bucal realizadas em Piracicaba e cidades da região num período de 10 anos (2001 a 2010) e prontuários de pacientes atendidos nos PSFs e UBSs no Projeto Busca Ativa de Lesões Bucais, Lesões Malignas e Potencialmente Malignas da Cavidade Bucal FOP-UNICAMP num período de dois anos (2009-2011). O número de pacientes que tiveram confirmado o diagnóstico de lesões malignas foi maior na campanha Busca Ativa, onde os pacientes com maior risco de desenvolver câncer bucal foram recrutados para exame. Entretanto, as duas estratégias foram capazes de diagnosticar inúmeras outras lesões, principalmente, as lesões traumáticas relacionadas ao uso de próteses. Esse é o resultado da dissertação de mestrado, defendida por Sabino, com orientação do professor Márcio Ajudarte Lopes, da área de Semiologia.
Câncer bucal ocorre mais frequentemente em homens, principalmente com mais de 40 anos de idade. O fumo, combinado com o excesso de bebida alcoólica, são os principais fatores de risco. Afeta mais comumente língua e assoalho bucal. Câncer de lábio inferior é considerado separadamente e exposição solar é a causa principal.
O câncer bucal é responsável por elevados índices de morbidade e mortalidade. O Brasil é um dos países com maior incidência de câncer bucal no mundo. É o sexto tipo de câncer mais prevalente no país e a incidência tem aumentado nas últimas décadas. Além disso, apesar dos avanços científicos, não houve melhora na sobrevida destes pacientes. A não realização do diagnóstico em estágios iniciais é o principal fator que limita o tratamento e consequentemente o prognóstico.
A Organização Mundial de Saúde reconhece que a prevenção e detecção precoce são os principais objetivos para melhorar o controle do câncer bucal. Assim, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são a chave para reduzir a mortalidade pela doença.
Projeto piloto – O projeto de rastreamento, denominado Busca Ativa de Lesões Bucais, Lesões Malignas e Potencialmente Malignas realiza um monitoramento mensal em quatro Postos de Saúde da Família (PSF) de Piracicaba – bairros Paineiras, Jardim Itapuã, Santa Rosa e Vila Industrial – com o objetivo de detectar lesões bucais em pacientes com idade acima dos 40 anos e com hábito de fumar e/ou consumir bebidas alcoólicas.
A ideia de desenvolver um projeto com essa característica surgiu após a experiência adquirida com a campanha de prevenção de câncer bucal realizada junto com a campanha de vacinação contra gripe, organizada pelo Ministério da Saúde. De acordo com Márcio Lopes, esse tipo de trabalho não tem atingido o objetivo principal que é a detecção precoce de câncer de boca por diversos fatores. O principal motivo é que a população de maior risco não está sendo atendida. Nestas campanhas são examinadas principalmente mulheres, acima de 60 anos de idade e que não tem hábito de fumar ou consumir bebidas alcoólicas. Mais eficiente seria examinar pessoas com maior risco que correspondente aos pacientes acima de 40 anos com hábitos nocivos descritos acima.