Em 2013, completa vinte e um anos que a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp realizou a primeira colocação de implante na unidade. O professor Antonio Wilson Sallum, da área de Periodontia, é responsável por introduzir a especialidade na Faculdade e o professor Francisco Humberto Nociti Junior deu início à primeira linha de pesquisa sobre implante na unidade. Implante é um sistema instalado no osso alveolar remanescente, com o objetivo de reproduzir a função de uma ou mais raízes dentárias que foram perdidas.
Atualmente, a especialidade de Implantodontia é desenvolvida de forma multidisciplinar na FOP. “Três áreas trabalham em perfeito entrosamento. A Periodontia começou a administrar aulas de implantes. Pouco depois, em 1994, a área de Cirurgia-Buco-Maxilo Facial, Coordenada pelo professor Márcio de Moraes, passou a abordar o assunto por meio do ensino na graduação, Pós-Graduação e o Curso de Especialização em Implantodontia tem procura por alunos (profissionais formados em Odontologia) vindos de todo país e de países da América do Sul. Tanto a área de Cirurgia como a Periodontia executam o procedimento cirúrgico, tais como, a fixação de pino de titânio ao osso, além de enxertos, quando necessário. Já a Prótese incorporou em seu currículo a parte de prótese sobre implante e recebe pacientes das duas áreas citadas, além daqueles que são encaminhados por profissionais de fora da instituição”, conta o professor Sallum.
Em meados de 1985 foi organizado na FOP o primeiro congresso sobre implantodontia, pelo ex-professor e fundador da área de Prótese Dental, Krunislave Antonio Nóbilo. Durante uma semana, os melhores profissionais do país discutiram sobre o que mais estava em evidência na especialidade na época. “Foi um evento precursor de congressos sobre a especialidade na FOP. Tempos depois, a área de Cirurgia começou a organizar eventos relacionados ao assunto”, lembra o professor Mauro Antonio de Arruda Nóbilo, da área de Prótese Fixa.
Por volta de 1985 a 1990, o implante estava em evidência nos Estados Unidos e o Brasil ainda se encontrava em estado letárgico, praticando apenas implantes laminados e agulhados, que eram colocados de forma empírica, sem evidência científica. Surgiu dai o interesse do professor Sallum pela especialidade. “Lá, realmente percebi que o implante veio muito forte e com bastante fundamento científico. Por conta disso, a FOP não poderia ficar de fora. Sempre participei da Academia Americana de Periodontia”, lembra.
Hoje, os implantes laminados e agulhados estão ultrapassados. Com a evolução da implantodontia passou-se a utilizar os implantes chamados ósseo integrados, do professor Branemark.
Infelizmente, o custo ainda é elevado. “Mesmo assim, há uma procura altíssima de pacientes por tratamento com implantes, motivados talvez pela melhora na condição sócio-econômica do país e pela excelência dos cursos da Fop-Unicamp. A prótese é a parte mais demorada e onerosa no tratamento com implantes. Estima-se que seu custo responde por aproximadamente 70% do valor total. Isso se deve por ser um trabalho artesanal, especializado, que envolve outros profissionais e compra de materiais específicos e equipamentos”, destaca o professor Mauro.
Também há dificuldade de subsídios do governo para custear essas próteses, já que temos alternativas com próteses convencionais. Porém, sem os grandes benefícios que os implantes osseointegrados oferecem. “Com essa filosofia, não temos o respaldo do governo nem da Universidade que impõem excessivas cobranças de impostos e trâmites burocráticos que impedem o oferecimento de próteses mais baratas para o pacientes”, finaliza.
Doença que apareceu com os implantes – com o surgimento do implante, apareceu uma nova doença chamada mucosite periodontite, que tem origem com a má higienização oral. “A higienização mal feita, mesmo nos dentes implantados, pode causar uma doença inflamatória semelhante à periodontal. Os implantes necessitam de higienização igual aos dentes naturais e podem ser perdidos da mesma forma. A diferença entre o implante e o dente natural é a ausência terminação nervosa nos implantes e não tem carie, não dói , mas pode causar a perda óssea o qual possibilidade da mesma forma a perda como nos dentes , explica Sallum.
Não é todo mundo que pode ter um dente implantado. O paciente não pode ter osteoporose e não fazer uso de medicações que “endurecem” o osso, deve ter mais de 18 anos (quando o desenvolvimento crânio facial está completo), não pode ter bruxismo (hábito de ranger os dentes), e acima de tudo, deve ter espessura óssea suficiente. Quando não há “quantidade” óssea suficiente a Área de Cirurgia da FOP se encarrega de fazer o amento ósseo necessário, para que somente depois possa ser realizado o implante. Pacientes com fatores de risco, como fumantes e diabéticos, podem receber implante, mas é necessário mais cuidado, uma vez que o risco de perder o implante é maior.
Confira matéria veiculada pelo Jornal de Piracicaba, em 1992, fornecido pelo professor Sallum.