A Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp oferece por meio das áreas de Prótese Parcial Removível e Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, um serviço de reabilitação do complexo bucomaxilofacial para pacientes portadores de defeitos e perdas de estruturas oro faciais. A unidade confecciona e instala próteses intrabucais para pacientes com comunicação buco-naso-sinusais ou oro-faringeanas, e extraorais, como próteses oculares, auriculares, nasais, óculo palpebrais, sejam elas convencionais ou implanto suportadas.
Todos os trabalhos realizados são gratuitos e o atendimento aos pacientes ocorre às quartas-feiras no período da manhã. “Temos uma demanda grande de pacientes que procuram por estes trabalhos em outros centros, mas nossa região é carente de tais serviços. Por isso, precisamos suprir as necessidades da região, não apenas quanto às reabilitações protéticas, mas principalmente na formação de mão de obra especializada, capaz de atender estes casos clínicos”, revela a professora Célia Mariza Rizzatti Barbosa, coordenadora do serviço.
De acordo com a professora, na FOP, a formação de mão de obra habilitada para atender esta demanda advém de uma disciplina optativa oferecida no curso de graduação e de outra oferecida aos alunos de pós-graduação do Programa de Clínica Odontológica. “Também temos um curso que será oferecido no Colégio Técnico, provavelmente a partir do ano que vem, e de cursos de curta duração ministrados nos eventos promovidos pela FOP”.
Metodologia – As próteses são feitas artesanalmente. As partes que substituem os tecidos moles são confeccionadas em silicone especial. Já as próteses oculares são produzidas em resina acrílica específica. A coloração procura mimetizar as estruturas a serem substituídas “Na verdade, estas próteses constituem-se em pequenas obras de arte aliadas à ciência, onde o cirurgião-dentista une habilidade ao conhecimento biológico”, diz a professora.
O cirurgião-dentista, professor José Ricardo de Albergaria Barbosa, responsável por realizar os implantes que reterão estas próteses, disse que o processo cirúrgico é realizado em várias etapas, cuja duração estimada é de cinco meses. Tudo tem início com o encaminhamento do paciente à FOP, que passa por um processo de avaliação na área de prótese parcial removível ou na de cirurgia. Quando o caso envolver a instalação de implantes, o próximo passo será a requisição de exames de laboratório corriqueiros à realização da cirurgia e de uma tomografia, que será utilizada para a construção de um protótipo do crânio do paciente feito em poli metil metacrilato, que auxiliará no planejamento da instalação dos implantes. Este protótipo é realizado gratuitamente em Campinas, no Centro de Tecnologia e Informação Renato Archer (CTI). O mesmo poderá também ser utilizado para a confecção da prótese. Entretanto, em algumas vezes, todo o trabalho reabilitador é construído sobre modelos do paciente, feitos através de moldes clínicos, explica o docente.
A segunda etapa do procedimento tem início com o planejamento, que culmina com a instalação cirúrgica dos implantes necessários à fixação da prótese. Está será aderida ao implante por meio de magnetos (imãs), pelo sistema barra clipping ou através de o´ring (implantes tipo bola). Estes procedimentos, na maioria dos casos, são realizados sob anestesia geral, nos hospitais conveniados da FOP. Finalmente, após a fase cirúrgica, tem-se a fase protética, que visa construir, instalar e preservar o trabalho reabilitador. O período envolvido nesta fase dependerá da demanda de trabalhos a serem realizados pelo serviço, uma vez que todas as etapas, clínicas e laboratoriais, são realizadas na FOP.
Normalmente, explica Rizzatti, os pacientes atendidos pelo serviço são encaminhados por médicos dos hospitais da região. Mas os pacientes também podem ir diretamente à instituição, sem indicação profissional. Para isso, precisam telefonar para agendar um atendimento (vide os números de telefones para contato no final desta reportagem).
Uma das maiores barreiras enfrentadas por esses pacientes para terem acesso às próteses, além da escassez de centros especializados que realizem esses trabalhos, é a questão financeira. A grande maioria não tem condições de arcar com o custo desse tipo de tratamento.
Fabiana Cristina Lucas da Silva, 36 anos, residente na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, utiliza prótese ocular há 16 anos. A última prótese foi substituída há cerca de quatro anos. Ela está prestes a receber uma nova prótese através deste serviço oferecido na FOP. A vida útil de uma prótese ocular gira em torno de 5 anos, mas depende também da idade do paciente, de sua ocupação e do cuidado para com a mesma. Fabiana precisou adiantar a substituição da prótese porque a mesma apresentou uma bolha interna que estava irritando muito a cavidade anoftálmica. A paciente relatou que, com um ano de idade teve o olho esquerdo perfurado em um hospital. E assim permaneceu por 20 anos. Segundo ela, a maior barreira para uma pessoa que não tem o olho é o fator social, o preconceito. “Sabemos que temos a capacidade para desenvolver determinadas atividades, mas dizem que não somos adequados para o serviço. Após ter colocado a prótese, considero que levo uma vida normal. No meu atual emprego fiquei um ano sem que ninguém soubesse que eu tinha prótese ocular”, revela.
Curso: No segundo semestre de 2013 será oferecida uma disciplina optativa no curso de graduação destinada aos alunos da FOP. No próximo ano, será oferecido um curso de extensão para construção de próteses oculares no Colégio Técnico da FOP destinado a estudantes e profissionais tanto da área de odontologia quanto da área técnica em prótese dentária. A data de início, local de inscrição, custos e demais informações poderão ser obtidos através da secretaria de extensão da FOP pelo telefone (19) 2106 5247.
Além da construção de próteses buco maxilo faciais, a área de prótese parcial removível também oferece tratamento para ronco e apneia através de aparelhos intra bucais. Os pacientes que se interessarem deverão fazer previamente um exame de polissonografia com um neurologista, que tem por objetivo definir a origem, gravidade, comprometimentos, e indicação dos aparelhos, dentre outras informações a respeito do problema.
Para mais informações a respeito dos serviços, entrar em contato pelos telefones 19 2106 5260 ou 5263 (com as assistentes sociais da FOP Sandra, Thais e Natalia), 19 2106-5373 (com a Professora Célia), ou 19 2106-5211 (com a Eliete, secretária do Departamento de Prótese e Periodontia).