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A notícia infausta me alcançou em férias, na Guanabara: faleceu Zeferino Vaz. Atropeladamente, uma série de fatos me ocorreram à lembrança, trazendo-o exuberante de vida aminha memória.

Zeferino Vaz – o escrevi aqui nestas mesmas colunas, uma vez – foi um semeador de universidade. Mestre, no sentido mais profundo da palavra, esbanjava talento,inteligência, luta, dinamismo. Desde sua formação científica a mais séria deste país, onde se colocara no primeiro escalão do ensino superior, começou no laboratório científico, plantado em sólida formação humanista, junto aos salesianos. Ainda jovem se iniciou no teatro onde se preparou como um comunicador de raros predicados.

Foi-lhe cometida a tarefa de erigir uma Faculdade de Medicina, em Ribeirão Preto, onde mostrou toda sua capacidade administrativa e todo seu valor científico. Entre amigos cafezais fundou uma das melhores escolas de Medicina do mundo, ali reunindo um corpo de alto gabarito profissional, que se tornou um dos orgulhos da universidade de São Paulo.

Em época de crise foi chamado a reorganizar a Universidade de Brasília, onde deixou o traço marcante de sua personalidade, de lá só se afastando por não concordar com os rumos que lhe foram propostos por Dacy Ribeiro.

Novamente o governo de São Paulo o indicou para formar a Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, que recebeu de sua extraordinária capacidade todo o impulso para se transformar em uma entidade que reuniu em todos os campos o que de melhor existir no Brasil e no mundo.

Quando da incorporação da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Piracicaba à Unicamp, em um equívoco de jornalista, me coloquei frontalmente contra Zeferino Vaz, na idéia de defender por bairrismo injustificado a nossa faculdade. Esta muito embora bem encaminhada, com grande diretor-instalador, o professor Liberalli, não passava de um instituto isolado no sistema ensino paulista, Zeferino perseverou em seu intento e deu mão forte a Faculdade de Piracicaba transformando-a em uma das mais conceituadas do país.

Acompanhando a situação de Zeferino Vaz como reitor da Unicamp, tivemos que reconhecer sua boa vontade para com Piracicaba, que, em outras oportunidades continuou a merecer sua atenção e seu carinho.

A imprensa do Rio abriu amplos espaços para registrar o seu desaparecimento, reconhecendo o seu valor como cientista e grande propugnador da educação em nosso país.

Piracicaba deve recolher sua memória com a de um grande amigo um inolvidável Mestre que engrandeceu o Brasil, dedicando toda sua operosa vida a causa da educação do nosso povo.

Publicação dos artigos de Fortunato Losso Netto, homenagem ao seu centenário de nascimento (1910-2010). Texto publicado originalmente em 15 de fevereiro de 1981. Optou-se pela correção ortográfica atual.

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