A pesquisa intitulada “High-throughput DNA analysis shows the importance of methylation in the control of immune inflammatory gene transcription in chronic periodontitis” financiada pelo projeto Jovem Pesquisador FAPESP, coordenado pela professora Ana Paula de Souza Pardo, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp. O estudo contou com a colaboração dos docentes e pesquisadores da área de Histologia Aline Planello, Marcelo Marques, Sergio Line, e com o pesquisador brasileiro e líder de laboratório em pesquisa no tema Epigenética no Ontario Cancer Institute at Princess Margaret Hospital, Daniel Diniz de Carvalho, está disponível na íntegra no site do periódico Clinical Epigenetics. O estudo aparece como destaque no site do periódico que atualmente possui o maior fator de impacto entre os periódicos da área de Epigenética.
“Este é o primeiro estudo em larga escala publicado até o momento mostrando a importância do controle epigenético sobre a regulação dos genes immune-inflamatórios na doença periodontal crônica”, destaca a professora Ana Paula. Dados de metilação de 2.891 genes derivados de análise de methylation microarray realizada em amostras de DNA isolado de células de tecido gengival de indivíduos saudáveis e afetados pela periodontite crônica foram analisados utilizando ferramentas de bioinformática. Os resultados revelaram correlação negativa estatisticamente significante entre a transcrição dos genes envolvidos com o processo imune-inflamatório na periodontite crônica e a metilação do DNA, ou seja, a função destes genes está sendo influenciada pela regulação epigenética. O estudo mapeia as áreas onde estas alterações ocorrem com maior frequência dentro dos genes e mostra que o evento de hipometilação do DNA predomina nos genes imunes durante a periodontite.
Segundo os autores, a periodontite crônica é um dos maiores problemas de saúde pública mundial e um modelo de doença imune-inflamatória muito interessante devido à sequencia de eventos que ocorrem durante sua progressão. Assim, é possível inferir que estes resultados também se apliquem parcialmente a outras doenças inflamatórias, uma vez que muitas destas doenças apresentam um contexto que se assemelha ao da periodontite crônica. Os autores ainda comentam que o avanço do conhecimento sobre a regulação epigenética na doença periodontal crônica pode trazer benefícios futuros para o tratamento clínico da periodontite. As alterações epigenéticas não são irreversíveis, sendo assim, a indústria farmacêutica mundial tem demonstrado grande interesse no desenvolvimento de substâncias que possam atuar sobre a plasticidade epigenética e, assim, participar como coadjuvantes no tratamento de doenças diversas, incluindo principalmente o câncer.