
Pesquisa realizada pela aluna de doutorado Eliana Dantas da Costa, da área de radiologia odontológica, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) Unicamp, desenvolve e valida um instrumento para avaliação das práticas de controle de infecção em radiologia odontológica. O estudo teve orientação da professora Glaucia Maria Bovi Ambrosano e co-orientação da professora Camila Pinelli da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP.
Embora existam recomendações para controle de infecção, pouco se conhece sobre a adesão dos profissionais e a necessidade de medidas educativas, pois não existe um estudo atual com tal abordagem. Assim, considerando-se a falta de metodologias para essa finalidade, o estudo teve como objetivo desenvolver e validar um instrumento para avaliar as práticas de controle de infecção em radiologia odontológica.
O instrumento visa avaliar a frequência de lavagem das mãos e uso de equipamento de proteção individual pelos profissionais, a frequência de proteção dos receptores de imagem, a proteção/desinfecção das superfícies do equipamento radiográfico e o desinfetante utilizado.
A autora da pesquisa destaca que o instrumento desenvolvido é de baixo custo, fácil aplicação e confiável, podendo ser utilizado para avaliação do controle de infecção em radiologia odontológica em instituições de ensino superior, consultórios odontológicos, clínicas de radiologia odontológica, e também por gestores de saúde no serviço público e por órgãos de fiscalização sanitária.
Eliana explica que o exame radiográfico é uma importante ferramenta para avaliação e planejamento dos procedimentos odontológicos, sendo a base de diagnóstico por imagem em todas as especialidades odontológicas. Na radiologia odontológica, o risco para contaminação ocorre principalmente durante a realização dos exames radiográficos intrabucais, pelo contato com saliva e/ou sangue, quando o receptor de imagem é retirado da boca do paciente, ou quando o profissional manipula o equipamento de raios X com as mãos/luvas contaminadas.
De acordo com a pesquisadora, desta forma os microrganismos patogênicos presentes na cavidade bucal podem ser deslocados para os equipamentos durante a exposição radiográfica, e rotineiramente, serem viáveis para contaminação por até 48 horas. “Estudos anteriores relataram que a superfície do equipamento e as mãos contaminadas dos profissionais foram responsáveis por causar contaminação cruzada em cerca de 77% dos pacientes. Outro estudo indicou que a média de contaminação das superfícies de trabalho de uma clínica de radiologia foi em torno de 50%”, conta.
Além disso, destaca Eliana, com a acessibilidade ao sistema digital em clínicas e faculdades de odontologia, criou-se um novo desafio ao controle de infecção durante a realização das radiografias intrabucais, pois os receptores digitais permitem múltiplos usos, ao contrário dos filmes, e não podem ser desinfetados e autoclavados.
Dessa maneira, explica a professora Glaucia, para evitar a contaminação cruzada entre pacientes e a transmissão de doenças é importante que a equipe odontológica utilize os protocolos de controle de infecção. Entre esses protocolos estão a proteção dos receptores de imagem e superfícies do equipamento de raios X com barreiras plásticas impermeáveis. Como alternativa, as superfícies do equipamento podem ser desinfetadas ou manipuladas com sobre-luvas.
A autora do trabalho explica que o desenvolvimento da pesquisa teve como base artigos científicos publicados sobre controle de infecção em radiologia odontológica e em protocolos de biossegurança disponíveis em agências de saúde nacional (ANVISA) e internacionais (Centers for Disease Control and Prevention [CDC] e American Dental Association [ADA]).
A pesquisa também contou com a participação de vários professores de radiologia odontológica de diversas universidades brasileiras, um professor de radiologia odontológica norte-americano, professores de saúde pública e biossegurança, alunos de doutorado em radiologia odontológica, alunos de graduação de 6 faculdades de odontologia e técnicos em radiologia.
Destacando-se a importância do controle de infecção, o artigo originado da presente pesquisa foi publicado recentemente na Dentomaxillofacial Radiology, umas das principais revistas internacionais na área da radiologia odontológica. “É muito gratificante o reconhecimento e a valorização do nosso trabalho por um dos periódicos mais importantes da radiologia odontológica, sendo esse altamente criterioso na escolha de suas publicações”, disse Eliana.
Ainda mostrando a importância do controle de infecção uma outra parte do trabalho foi publicada na revista RGO – Revista Gaúcha de Odontologia, sendo selecionado como o melhor artigo da edição para ser divulgado em Press Release pela respeitável base de dados nacional Scielo.