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Odonto Legal

Estudantes do ensino médio de escolas Públicas de Piracicaba recebem treinamento para moldagem de crânios e reconstrução facial utilizando-se de técnicas convencionais e digitais. Estes fazem parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC EM) (2023-2024), desenvolvido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) e CNPq e conduzido na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp.

O projeto foi dividido em três etapas a saber:

  • identificar o perfil antropológico (espécie animal, idade, sexo, afinidade populacional/ancestralidade/nacionalidade e estatura);
  • reconstruir (aproximação facial) da face/rosto utilizando dois crânios do Biobanco osteológico e tomográfico da Odontologia Legal da FOP/UNICAMP, por meio manual (com plastilina) metodologias Russa (reconstrói músculos, glândulas, etc) e metodologia Americana (reconstrói a face por meio de pontos demarcadores unidos com plastilina);
  • reconstruir (aproximação facial) da face/rosto por metodologia digital (software livre Blender), comparando o tempo gasto entre as mesmas.

Foi possível reproduzir a face/rosto mais próximo possível o aspecto que o indivíduo possuía em vida, mas com limitações (envelhecimento, obesidade, dentre outros).

As técnicas desenvolvidas facilitam a identificação humana, possibilitando que os familiares possam reconhecer os seus entes queridos fornecendo material genético e/ou prontuários odontológicos) ou na condenação de criminosos.

Odonto Legal

Os estudantes foram treinados para no futuro possuir habilidades para participar de concurso público na área de perito criminal, das artes plásticas, trabalho em filmes de ficção científica e evolução humana, ao desenvolver metodologias de reconstruir  a face/rosto (aproximação facial). O curso oferece conhecimento teórico e prático/técnico sobre as metodologias de identificação humana desenvolvidas pela Interpol, além de conhecimentos específicos de antropologia física forense, traumatologia forense e fotografia forense e treinamento na escultura (metodologia manual e digital), trabalho em equipe, preparação e desenvolvimento de pesquisa científica finalizando com a preparação de painéis e feiras de ciência para divulgação dos resultados.

De acordo com os pesquisadores da área de Odontologia Legal da FOP, a reconstituição facial é tarefa bastante complexa requerendo inúmeros profissionais (Cirurgião- Dentista, Artista Plástico, antropologista forense, dentre outros), e  obtém de 75 a 85% da aparência física real o que facilita o reconhecimento.

O trabalho está sendo conduzido pelos estudantes: Bruna Helena Diehl Amaral; Bruno Soares Granziol; Luana Beatriz Lins Da Silva; Luan Couto Raymundo Da Silva;  Franciellen Ferreira do Nascimento e Vinicius Eduardo Ferreira, com coordenação do professor Luiz Francesquini Junior, apoio do professor João Sarmento, Discente Vanuel Sanca e Pós-Doutoranda Mônica Francesquini.

Bruno Soares Granziol, 18 anos, da escola João Guidotti, falou da importância do projeto, o qual trouxe motivação para seguir a carreira de perito em odontologia forense. “Quando iniciei o projeto ainda não sabia quais eram minhas preferências vocacionais. Mas, assim que tive contato com a área forense, identificação humana, comecei me interessar. O projeto trouxe o estudo para minha vida, visto que não tinha o hábito de estudar. O projeto me fez aprofundar na área de identificação humana, o que me trouxe visibilidade e diversas oportunidades, como apresentação de trabalho, entre outras atividades”, conta.

Já, Luan Couto Raimundo da Silva, de 16 anos, estudante da Escola Olivia Bianco, descobriu que tem habilidade para esculpir, criando aproximações faciais de indivíduos não identificados – olho, boca, sobrancelhas, orelhas, musculo, glândulas, tecido mole, rugosidade da pele e cabelo. “Pretendo cursar odontologia na FOP e me especializar em Odontologia Legal. Gostei bastante da área. Me identifiquei com a especialidade”, disse.

Odonto Legal

Franciellen Ferreira do Nascimento, 19 anos e estudante da Escola Técnica Estadual Coronel Fernando Febeliano da Costa. “Com esse projeto, descobri habilidades manuais que nunca tinha imaginado que teria e aprendi a amar cada passo na reconstrução facial forense. A experiência de participar do projeto me trouxe clareza e a importância de gostar da área, por isso decidi seguir a carreira na Odontologia legal e Direito. Minhas expectativas foram superadas, e isso me deu a certeza sobre o que quero para o futuro. Nesse período, adquiri informações valiosas, uma delas é a importância da identificação humana e como é relevante a reconstrução facial na sociedade”, relata.

“Sempre gostei muito da área, confesso que quando fui entrar no laboratório, fiquei um pouco apreensivo pois não sabia fazer quase nada, mas ao longo do
curso e das aulas com o professor, fui aprendendo muita coisa e gostando cada vez mais da área, oque me deu muito incentivo para seguir nisso no ensino superior”, disse Vinícius Ferreira, aluno do Pibic EM.

Em síntese, a reconstrução/aproximação facial é realizada por meio de duas técnicas: a convencional, oriunda da escola americana e a russa e há a possibilidade de reconstrução por meio de softwares (ex. software Blender, onde a face é reconstruída por meio de imagens tridimensionais obtidas por fotogrametria). Esta se faz necessária pois no mundo em praticamente todos os dias inúmeras ossadas são encontradas em diferentes estágios tanatológicos (decomposição) e em geral não apresentam condições de auxiliar no reconhecimento em uma primeira visualização, o que mantém uma situação de desespero para os familiares. Nestas situações, promove-se a limpeza dos ossos por meio da fervura em água e promove-se a montagem na posição anatômica, estabelece-se o perfil antropológico (espécie animal, sexo, idade, afinidade populacional e estatura), com estes dados se estabelece a espessura facial e se inicia a reconstrução. Destaca-se também, que a técnica manual deve ser ensinada para descobrir possíveis artista de reconstrução forense, pois na maioria dos Institutos Médico e Odontológicos Legais das cidades brasileiras não há recursos digitais para a realização da reconstituição facial tridimensional computadorizada.

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