Conteúdo principal Menu principal Rodapé

Vanuel Alberto Sanca, mestrando em Biologia Buco-Dental da área de Odontologia Legal da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, desenvolveu um método para estimativa do sexo a partir de esqueletos humanos. Para isso, foram utilizadas análises métricas da pelve e ossos longos. O trabalho foi orientado pelo professor Luiz Francesquini Júnior.

O estudo analisou diversas medidas de ossos pélvicos e longos em 200 esqueletos do Biobanco Osteológico e Tomográfico da Odontologia Legal da FOP. Constatou-se que todas as medidas ósseas avaliadas apresentaram dimorfismo sexual, ratificando o que está na literatura nacional e internacional. Também foi possível construir um modelo matemático para a estimativa do sexo, com acurácia de 91,0%, sensibilidade de 92,5% e especificidade de 88,7%. Esses resultados atendem aos princípios de qualidade indicados por Daubert (utilizados nos tribunais dos Estados Unidos) e às exigências da Interpol.

A elaboração de um perfil bioantropológico requer um conhecimento detalhado do esqueleto humano, abrangendo a estimativa de idade, sexo, afinidade populacional (raça) e estatura. Esse processo é frequentemente complementado por estudos tafonômicos — análises das modificações provocadas nas ossadas pelo ambiente e/ou pela ação humana.

De acordo com Vanuel, a estimativa do sexo por métodos estatísticos e científicos é um desafio no Brasil, onde há uma elevada proporção de indivíduos indiferenciados (entre 20% e 30%). A miscigenação também influencia a afinidade populacional, uma vez que a população brasileira apresenta, em média, cerca de 30% de ancestralidade europeia, 30% africana e 30% indígena. A identificação torna-se ainda mais complexa em casos de esqueletos completos carbonizados ou fragmentados, bem como ossos isolados ou danificados por ação de animais durante o processo tafonômico, o que exige maior cautela por parte dos profissionais.

Natural da Guiné-Bissau, Vanuel escolheu esse tema para sua dissertação de mestrado por considerar que, em seu país, o estudo antropométrico voltado à identificação humana ainda está em fase inicial.

O tema também será aprofundado em seu doutorado. O pesquisador pretende validar o método em coleções osteológicas da Bahia e de Brasília e, posteriormente, aplicá-lo em amostras da Guiné-Bissau, com o objetivo de consolidar a cooperação entre a Unicamp, a Faculdade de Medicina Raúl Dias Arguelles (FMRDA) e a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau.

Ir para o topo