O médico Victor Gottardello Zecchin, membro da equipe de transplantes de medula do Instituto de Oncologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo e do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), esteve na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, na tarde de sexta-feira (19). Ele deu um panorama geral sobre transplante de medula óssea em pediatria. Na oportunidade, foram abordados temas desde como identificar um possível doador até quais as indicações e complicações do transplante. O evento foi voltado aos alunos e docentes da área de Patologia. O médico veio a convite do Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia.
Em entrevista a Assessoria de Comunicação, o médico falou da necessidade de melhor conscientização da população sobre doação, tanto de medula como de hemocomponentes. Estas são as únicas coisas que não tem substituto. “Os riscos na doação são praticamente zero e esse gesto pode ajudar outras pessoas”, destacou.
Victor explicou que o cirurgião-dentista tem necessidade de conhecer as particularidades de um paciente transplantado. “É importante por que os pacientes depois de transplantados voltam a vida normal e esses profissionais vão se deparar com esses pacientes depois de 10, 15, 20 anos. Não é frequente ainda, mas provavelmente se tornará mais comum, acredita. Eles precisam saber o que esperar desses pacientes, não pensando apenas na cavidade oral mas no indivíduo como um todo. São pacientes mais sujeitos a infecções e outras complicações”, explica. No atendimento a esses pacientes, os dentistas terão que realizar uma avaliação mais completa, visto que podem se deparar com alterações do enxerto contra o hospedeiro além de lesões inespecíficas.
Victor também analisou o cenário brasileiro sobre transplante de medula óssea. “Hoje em dia não tem fila de espera no Brasil para transplantes autólogos e halogênios aparentados. A mesma situação não é vislumbrada no transplante não aparentado, que ainda possui fila por serem transplantes caros e por ter pouco leito proporcionalmente para a população”, revela. Outro ponto importante há poucos centros no Brasil autorizados a fazer transplante halogênio não aparentado. Há vários centros espalhados principalmente na região sudeste e alguns poucos mais para o sul. Já a região nordeste é muito escassa de especialidade. O país sofre com a falta de profissionais especializados em transplantes pediátricos. Os principais centros estão em São Paulo e Curitiba, destacou o médico.