A confiança pode ser retratada de várias formas. Um dos significados do termo define o sentimento como: quem acredita na sinceridade de algo ou de alguém. Honestidade é a característica ou qualidade de uma pessoa ou instituição, significa falar a verdade, não omitir, não dissimular. O indivíduo que é honesto repudia a esperteza de querer levar vantagem em tudo.
As circunstâncias levaram Louyse Vizotto, aluna do 5º ano do curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, a colocar em prática valores raros hoje em dia, a confiança. Ela deixa caixas de morangos expostas na bancada do saguão superior do prédio principal da faculdade, ao lado de uma caixa de acrílico transparente com um cartaz especificando o valor do produto. As pessoas pegam as embalagens de morangos e depositam o respetivo valor no recipiente. Inclusive, podem fazer o troco. Tudo sem a presença do responsável. Aqueles que não dispõe de dinheiro naquele momento, deixam anotado em um papel, o nome, o departamento, o valor e o dia em que irão pagar. “Mesmo com toda essa facilidade, ao final do dia, os valores correspondem precisamente com a quantidade de produto retirado”, conta Louyse.
A aluna ingressou na faculdade em 2011. No segundo ano de curso ficou grávida de Anna Clara, hoje, com 2 anos, aluna do Centro de Convivência Infantil (CECI/FOP) – a mãe faz questão de dizer que a filha nasceu na universidade. Como era comum trazer para a filha morangos orgânicos, os amigos e as mães do CECI passaram a encomendar o fruto. Chegou um ponto em que já não era mais viável trazer os frutos, e nem entregá-los, devido ao elevado volume de caixas. Daí surgiu a ideia da “caixinha da confiança”, inspirada em uma matéria veiculada por uma determinada emissora de televisão, na qual relatava a experiência de uma aluna que desenvolvia um projeto semelhante, porém, na ocasião, eram comercializados sorvetes.
Sua clientela é formada por alunos, funcionários, professores e até pacientes. Alguns compram só pela curiosidade de depositar o dinheiro na caixinha. “Acham legal”, disse. A atividade é realizada toda quarta-feira. Em média, são comercializadas 70 caixas de morango por dia. Já chegou a 100. Louyse conta que no inverno as pessoas consomem mais o fruto. Nos períodos mais quentes a tendência é diminuir, porém, não chega a ser inferior a 50 caixas. O fruto é comercializado apenas as quartas-feiras porque o morango é colhido às terças-feiras, em Minas Gerais. Desta forma, o morango é comercializado fresco. “O produto orgânico é muito valorizado, ainda mais aqui, em uma área de saúde, onde as pessoas se preocupam muito mais com essa questão”, avalia. A atividade lhe rendeu o título de “menina do morango”.
“Tenho um lucro legal. O dinheiro auxilia no pagamento do material odontológico, utilizado na faculdade; na gasolina do carro, uma vez que tenho que viajar todo dia para Piracicaba, pois moro na cidade de Limeira; no convênio médico da minha filha, entre outras despesas. É a única renda que tenho para ajudar em casa. Meu marido também é estudante. Cursa engenharia civil na cidade de Engenheiro Coelho e trabalha com controle biológico”, revelou.
Fruto – O morango é perene, dá fruto o ano inteiro. Para ser considerado orgânico, precisa possuir o selo, que é renovado anualmente, pelo Instituto Biodinâmico, órgão responsável por fiscalizar as plantações e checar a qualidade do solo.
O fruto é proveniente de várias linhagens, as quais são selecionados por empresas que vendem as mudas, explica o biólogo Adriano Martins.