No dia 1º de novembro, os alunos do 6º semestre de Graduação da FOP receberam informações sobre o atendimento odontológico de dois tipos de pacientes especiais, durante aulas da Área de Psicologia Aplicada, na Disciplina Odontologia Social I.
Para falar sobre a atuação com pacientes com transtorno do espectro autista, a Psicóloga Mestre em Educação Especial, Profª Dafne Pavanelli Fidelis, do Instituto ABA Care de Ribeirão Preto-SP, participando pelo 6º ano consecutivo desta disciplina, à convite da Prof. Dra Rosana F Possobon, falou sobre a importância do emprego de estratégias de manejo do comportamento, tais como o reforçamento diferencial e a dessensibilização, para conseguir adesão do paciente não somente ao tratamento odontológico propriamente dito, mas também às práticas de higiene oral em domicílio. “O espectro autista não tem nenhuma implicação oral, mas o profissional de odontologia precisa identificar as peculiaridades de cada paciente para ser capaz de estabelecer um vínculo adequado”, relata a Prof Dafne. “As aulas da Profª Rosana, que acontecem no 2º ano de graduação, abordam os princípios da psicologia comportamental aplicados à odontologia, preparando os alunos para apreender com maior facilidade os conceitos que trabalho nesta aula sobre pacientes com TEA”, reforçou a Psicóloga.
No mesmo dia, esteve presente a Profª Drª Beatriz Aparecida dos Reis Turetta, Mestre e doutora em educação com Pós-doutorado em Educação Especial e Primeira secretária da diretoria executiva da Assupira, Associação de Surdos – Libras Piracicaba, acompanhada pelas instrutoras de LIBRAS Jeocasta Ataídes de Almeida e Daiane Abdia de Souza. As instrutoras surdas encantaram os alunos, que se esmeraram em aprender alguns sinais para comunicação com pacientes surdos. A Profª Beatriz ressaltou que “a maioria das pessoas com deficiência auditiva se constituem pela visualidade e que os atendimentos precisam considerar esse modo de constituição e deu destaque para a importância de se comunicar com as pessoas surdas em sua língua de constituição”. Ficou muito claro para todos que gestos e mímicas são insuficientes para a compreensão do que acontece num atendimento odontológico e que se os alunos querem atender a comunidade surda que utiliza a Libras com qualidade devem se empenhar em aprender essa língua.
Os alunos ficaram interessados em aprender a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e já cogitam formar um grupo para receber treinamento com o grupo da Assupira.
A aluna Nathália Ayumi Costillas Sasaki relatou que “a aula que tivemos foi de uma importância única, proporcionou um novo olhar sobre o universo das pessoas surdas e seus desafios. Essa experiência mostrou que a realidade deles é complexa e difícil, especialmente na área da saúde, na qual enfrentam barreiras e falta de inclusão. Os relatos pessoais dos surdos foram impactantes e revelaram como muitos ainda sofrem preconceito e são reprimidos, o que evidencia o quanto a acessibilidade é essencial. Aprendemos algumas noções de Libras, mas o maior aprendizado foi sobre empatia e a necessidade urgente de inclusão. A aula nos mostrou que o conhecimento tem o poder de transformar a vida das pessoas e que, como futuros profissionais da saúde, devemos ser mais solícitos, atuando com sensibilidade e respeito. A vontade de aprender Libras aumentou ainda mais após essa experiência, e com certeza, nunca mais seremos os mesmos depois dessa aula”.
Rafaela Andrade, outra aluna da Turma 66, disse: “tivemos uma aula muito esclarecedora sobre o TEA, era uma aula que eu estava aguardando ansiosamente. Atendi um paciente com TEA na clínica e tive muita dúvida na forma de manejo, e a Profª. Dafne abordou o tema com muita maestria, informando os principais aspectos que devemos considerar ao atender esses pacientes, incluindo as dificuldades sensoriais e as questões de comunicação. A aula foi incrível e me fez refletir sobre a responsabilidade de proporcionar um atendimento inclusivo e humanizado para todos os pacientes”, conclui.
“Há 20 anos trago especialistas para falar sobre o atendimento do paciente com deficiência. Os alunos fazem até vivência, circulando pela FOP em cadeira de rodas ou com os olhos vendados, para simular as dificuldades enfrentadas por pessoas cegas ou cadeirantes. Estimular o aluno a ter contato com estes pacientes os encoraja a buscar por mais conhecimentos e os prepara para atender esta clientela tão específica e, muitas vezes, tão negligenciada em seus cuidados bucais por falta de conhecimento do profissional”, relatou a Prof Rosana.
As fotos tiradas no dia da aula falam por si só e mostram o interesse e o envolvimento dos alunos com o tema.