HISTÓRICO DO CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO
A Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) foi criada em 1955, através da Lei nº 2.956, de 20 de janeiro de 1955, como Instituto Isolado de Ensino Superior, com a antiga denominação de Faculdade de Farmácia e Odontologia de Piracicaba. Seu funcionamento foi autorizado pelo Decreto Lei Federal nº 41.781, de 04 de julho de 1957.
Em 1958, através da Lei nº 5014, de 04 dezembro de 1958, foi estabelecida a estrutura didática e administrativa da Faculdade e em 1961 foi reconhecida pelo Governo Federal, através do Decreto Federal nº 50967 de 17 de julho de 1961.
Oficialmente a Faculdade iniciou suas atividades em 21 de abril de 1957. O primeiro vestibular para ingresso ao Curso de Odontologia foi realizado de 12 a 19 de julho de 1957. Funcionou como Instituto Isolado do Sistema Estadual de Ensino Superior até 1967, quando, a partir de 31 de janeiro de 1967, passou a integrar a Universidade Estadual de Campinas-Unicamp, através da Lei nº 9715, com o nome de Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas.
HISTÓRICO DO MODELO CURRICULAR
Depois de alguns anos, havia um clima de insatisfação em relação a todo o processo educacional adotado pela faculdade, motivado por vários fatores: expansão do número de alunos, ausência de objetivos claros para definir a conduta e as destrezas finais do profissional, falta de integração entre as disciplinas básicas e as de aplicação clínica, identificação de falhas de aprendizagem nas fases anteriores à clínica integrada, causando contradições entre o aprendizado anterior e a atuação dos alunos e docentes na mesma.
Para tentar resolver o problema, em 1974 a Diretoria da FOP instituiu um grupo de trabalho composto por 12 docentes, para estudar os problemas do ensino odontológico. Este grupo apresentou as seguintes conclusões sobre o estudo:
- Não havia controle sobre a qualidade e capacidade do profissional formado;
- Necessidade de melhorar a capacitação do corpo docente na área de metodologia do ensino;
- Necessidade de promover uma reestruturação curricular;
- Qualquer tentativa de reestruturação só teria sucesso se contasse com a participação da maioria do corpo docente.
Estabeleceu-se como norma a realização de seminários semestrais do corpo docente, preparados pelo grupo de trabalho instituído pela FOP. Iniciou-se então o Projeto de Reestruturação curricular, com a seguinte filosofia:
- a atuação do profissional centrada no homem, como um todo bio-psico-social;
- o processo educacional centrado no aluno.
Para atender ao primeiro ponto, foi definido o objetivo educacional do curso (o perfil do profissional a ser formado), e atendendo ao segundo item, decidiu-se adotar o planejamento do currículo por objetivos, no qual se descreve o comportamento a ser demonstrado pelo aluno ao término da experiência de aprendizagem, ao invés de descrever a atividade do professor.
Em seguida, resolveu-se que a filosofia básica do ensino odontológico seria a integração dos vários assuntos a serem tratados pelas disciplinas. Primeiramente, estabeleceram-se três grandes áreas: Clínica, Pré-Clínica e Complementar, cada uma composta de conteúdos de diferentes disciplinas. A integração iniciou-se pela formação de uma única Clínica Integrada, eliminando-se as clínicas especializadas. Assim, o processo de integração teve início na área Clínica (todas as atividades práticas clínicas), retroagindo para atingir a área Pré-Clínica (todo o conteúdo necessário, de modo imediato, às atividades clínicas) e finalmente para a área Complementar, composta por todo o conteúdo biológico e social não diretamente ligado à Clínica, mas necessário à formação do cirurgião-dentista.
Foi feita então a análise de funções e tarefas clínicas da atividade odontológica total e a delimitação das funções correspondentes ao perfil do egresso e as que foram delegadas a pessoal auxiliar ou a especialistas. Dessa análise, derivaram-se os objetivos gerais, os pré-requisitos e os objetivos específicos que abrangem todo o conteúdo programático para a formação do cirurgião-dentista.
Paralelamente a essas atividades, foi preciso estabelecer uma “linguagem e atitudes comuns” entre os docentes para a eficiência do processo de ensino/aprendizagem, o que foi chamado de calibração. Isto foi necessário porque, embora a especialização do corpo docente promova o progresso científico e tecnológico, pode causar distorções na formação de recursos humanos, como a organização de compartimentos estanques (disciplinas especializadas) sem uma intercomunicação de conhecimentos. É comum a colocação de pontos de vista diferentes, ou mesmo divergentes, entre professores de especialidades afins, para a resolução de um mesmo problema clínico.
Todo esse processo permitiu a eliminação de muitas diferenças de pontos de vista dos docentes em relação a um mesmo assunto, proporcionando um melhor entendimento entre eles e oferecendo maior segurança aos alunos. Nos seminários semestrais, o corpo docente teve oportunidade de avaliar, decidir as mudanças necessárias e trocar informações sobre o andamento das atividades de ensino. Nos períodos entre os seminários, o Grupo de Trabalho operacionalizava as decisões tomadas e assim a reestruturação teve continuidade. É um processo dinâmico que continua até hoje.
Na Área Clínica foram organizadas 4 disciplinas: Clínica Odontológica l a IV, do 5o ao 8o semestres do curso. Nestas disciplinas não há nenhum conteúdo programático; apenas prática clínica e discussões de casos. O aluno é avaliado pela quantidade e qualidade das tarefas, número de pacientes atendidos e terminados, bem como o grau de independência que adquire, particularmente no último semestre. Dentro do horário destas disciplinas, os alunos atendem em forma de estágio às clínicas extramurais.
A Área Pré-Clínica foi dividida em 10 disciplinas sequenciais, nas quais é ministrado todo conteúdo relacionado com a prática clínica, tanto no domínio cognitivo como no psicomotor. Este último é desenvolvido em práticas de laboratório, através de modelos e manequins e na própria clínica, executando algumas tarefas em pacientes da clínica.
A Complementar foi subdividida em Área Básica Biológica e Área Social, ministradas nos 3 primeiros semestres do curso.
Essa área passou pelas seguintes reformulações:
1978 | 1980 | 1985 | 1990 | 2005 |
---|---|---|---|---|
Morfologia I e II Bioquímica I e II Fisiologia e Biofísica I e II Microbiologia Patologia Farmacologia | Biologia Humana I e II Sistemas de Agressão e Defesa do Organismo I e II | Morfologia I e II Ciências Fisiológicas I e II Sistemas de Agressão e Defesa do Organismo I e II | Anatomia Geral I e II Histologia Geral I e II Bioquímica Microbiol. Geral Genética Fisiologia e Biofísica Farmacologia Imunologia Patologia Geral | Biociências I e II Microbiol. Geral Genética Imunologia Patologia Geral |
Na Área Social, a parte do conteúdo que não foi integrado à Pré-Clínica ainda permaneceu como disciplinas antigas: Bioestatística, Psicologia, Odontologia e Saúde Pública, Odontologia Legal e Deontologia que foram depois reformuladas.
A Área Social também realizou reformulações:
1979 | 1982 | 1994 | 1996 | 1998 | 2004 |
---|---|---|---|---|---|
Odontol. Prev. I e II Odontol. Legal e Deontologia Psicologia Bioestatística Educação Física Estudo de Probl. Brasileira | Odontol. Preventiva e Saúde Pública Odontol. Legal e Deontologia Psiocologia Bioestatística Educação Física Estudo de Probl. Brasileira | Odontol. Preventiva e Saúde Pública Odontol. Legal e Deontologia Orient. Profissional e Educação para a Saúde Psicologia Bioestatística Educação Física Estudo de Probl. Brasileira | Odontol. Preventiva e Saúde Pública Odontol. Legal e Deontologia Orient. Profissional e Educação para a Saúde Psicologia Bioestatística Educação Física Estudo de Probl. Brasileira | Odontol. Preventiva e Saúde Pública Odontol. Legal e Deontologia Orient. Profissional e Educação para a Saúde Psicologia Bioestatística | Odontol. Preventiva e Saúde Pública Odontologia Social I e II Bioestatística e Metodologia da Pesquisa Monografia |
O que era de início apenas um projeto de reformulação ou de ajuste de um currículo para superar problemas crônicos detectados, transformou-se num processo mais arrojado, o de transformar o modelo tradicional em um modelo inovado de Educação Odontológica, com o objetivo de formar profissionais mais aptos a atender as várias camadas sócio-econômicas da população.
Estrutura curricular vigente até 2012
O modelo curricular atual seguido no Curso de Graduação é de natureza interdisciplinar e interdepartamental, com programas integrados de ensino distribuídos da seguinte maneira:
1º Ano | 2º Ano | 3º Ano | 4º Ano |
Biociências I | Patologia Geral | Pré-Clínica VII | Pré-Clínica X |
Biociências II | Pré-Clínica III | Pré-Clínica VIII | Odontologia Social I |
Genética | Pré-Clínica IV | Pré-Clínica IX | Odontologia Social II |
Imunologia | Pré-Clínica V | Odontol. Preventiva e Saúde Pública | Monografia |
Microbiol. Geral | Pré-Clínica VI | Clínica Odontol. Integrada I | Clínica Odontol. Integrada III |
Bioestatística e Metodologia da Pesquisa | — | Clínica Odontol. Integrada II | Clínica Odontol. Integrada IV |
Pré-Clínica I | — | — | — |
Pré-Clínica II | — | — | — |
A filosofia de trabalho na Clínica Odontológica é a seguinte: o aluno aplica de forma integral os conhecimentos adquiridos e as habilidades desenvolvidas previamente, nas diferentes disciplinas do curso, visando adquirir vivência clínica, a fim de que possa diagnosticar, planejar, executar e avaliar casos clínicos, constituindo esta, a última etapa de formação do Cirurgião-Dentista. Desta forma, os objetivos da Clínica Odontológica necessariamente convergem para os objetivos gerais da FOP.
Estrutura curricular vigente até 2021
Foram realizados diversos estudos para a implantação do curso de graduação em cinco anos, já obrigatório para as instituições federais (Resolução CNE/CES Nº 02, de 18 de junho DE 2007). E todas as discussões curriculares anteriores foram levadas em consideração nessa mudança.
O modelo de organização curricular de nosso curso é de natureza modular, interdisciplinar e interdepartamental, tendo como pressuposto metodológico o ensino integrado entre as mais diversas áreas. Assim, ao invés de disciplinas estanques, com fim em si mesmo, as diversas áreas do curso estão organizadas e nossa organização pedagógica cria oportunidades de aproximar o conhecimento teórico de sua utilização na prática clínica.
Nosso curso conta com 4845 horas de atividades acadêmicas, com uma carga semanal discente de 32 horas e contém os módulos a seguir: Biociências, Cárie, Diagnóstico Oral, Bioestatística e Metodologia da Pesquisa, Reabilitação Oral, Terapêutica Cirúrgica, Procedimentos Comuns, Periodonto, Polpa e Periápice, Odontologia Social, Odontologia Preventiva e Saúde Pública, Clínicas Integradas e Estágios Clínicos Multidisciplinares.
Esses módulos foram elaborados em torno de eixos, que são núcleos de conhecimentos ou de competências, especificados no perfil profissional, que articulam e relacionam os conteúdos de maneira que as necessidades educacionais é que determinam a utilização dos conteúdos, e não o contrário. A programação didática do curso foi orientada por uma sequência horizontal (assuntos afins são desenvolvidos durante o curso, em níveis de complexidade crescente) e por uma sequência vertical (a distribuição dos assuntos dentro do semestre está relacionada entre si).
Os módulos foram subdivididos em unidades temáticas, que são conjuntos de experiências de aprendizagem motivadas por um tema ou problema central, com conteúdos relacionados entre si e as diferentes unidades estabelecem relações entre elas que justificam os conteúdos incluídos. A carga horária e duração dos módulos levou em consideração a natureza das competências a serem desenvolvidas.
Em Odontologia, a ordem na qual os alunos devem seguir os módulos é muito importante, visto que o domínio dos pré-requisitos é indispensável para certas aprendizagens, por isso, a ordem de sucessão dos mesmos segue um encadeamento de etapas da progressão do aluno no curso à medida que este domina os conhecimentos.
Essa organização modular do currículo do curso de graduação em odontologia da FOP trouxe um avanço no ensino, uma vez que possibilitou a flexibilização e a adaptação do currículo a novas necessidades, agrupando temáticas afins nos momentos mais apropriados. Também evitou duplicação de recursos (humanos e materiais) para os mesmos fins, repetições desnecessárias e diferentes filosofias de ensino e de trabalho, estabelecendo prioridades no ensino de graduação.
Nessa organização, por haver uma sequência instrucional mais lógica e coerente, houve a promoção de uma integração multidisciplinar mais efetiva, maior inter-relação entre as áreas básica, pré-clínica, clínica e social e entre a teoria e a prática. Além disso, também propiciou ao aluno uma visão global de sua formação, enfatizando a formação humanística e a integração multiprofissional em saúde.
O currículo do curso em 5 anos:
Estrutura curricular atual
Novas mudanças foram implantadas no curso para atender ao disposto na Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, que trata da curricularização da extensão e da Resolução nº 3, de 21 de junho de 2021 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Odontologia (DCNs).
Para atender a determinação legal foram feitos pequenos ajustes no currículo do curso, uma vez que o mesmo, já atendia o solicitado com DCNs e atividades de extensão e criada a disciplina de “Atividades complementares”. Além disso, também foram criadas novas disciplinas, destinadas aos alunos do 8º semestre do curso: Implantodontia e Odontologia Digital.